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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Doses Homeopáticas
Sempre me perguntam como eu comecei a cozinhar. Eu adoraria poder dizer que eu passei a minha infância vendo as minhas avós na cozinha fazendo grandes almoços de família e que hoje eu uso os cadernos de receitas que eram delas. A verdade é que eu nunca vi nenhuma das minhas avós na cozinha, minha mãe sempre falou que a mãe dela nunca foi lá uma grande cozinheira.
Minha mãe tem mão santa para fazer bolos, sempre fez bolos elaborados com coberturas, recheios e muitas camadas para os aniversários lá de casa, mas em se tratando dos salgados, vamos dizer que ela é uma cozinheira digamos assim um tanto espertinha, um dia eu cheguei da faculdade com o meu pai, ela tinha feito sopa para o jantar, uma sopa deliciosa, de lamber os beiços, quando nós terminamos de comer ela começou a rir, nem eu nem meu pai entendemos bem o porque, até ela explicar que a sopa maravilhosa que tínhamos acabado de comer tinha um ingrediente especial: os pezinhos da galinha!! Desde então eu e meu pai sempre quisermos saber quais os ingredientes dos pratos preparados por ela, só por via das dúvidas. Mesmo tendo me ensinado o beabá da cozinha, minha mãe não é uma apaixonada por ela e ela até tinha um caderno de receitas que um dia poderia ser meu, mas desde que a gente mudou de apartamento que eu não sei mais dele.
Mas quem me fez mesmo começar a cozinhar foi o limão, ou melhor, a ausência dele.
Um pouco antes de me formar na faculdade eu comecei um tratamento homeopático com uma médica bem senhorinha já e com nome de vovó, Dra. Carolina. Logo na primeira consulta uma lista relativamente extensa de alimentos que eu deveria evitar. Muito deles já não faziam parte do cardápio habitual lá de casa, mas quando ela colocou na lista limão e todos os cítricos e tomate, aí complicou. Gente ficar sem molho de tomate e não poder temperar a salada...voltei para casa pensando como tirar essas coisas tão básicas da alimentação diária. Durante no primeiro mês eu fui bastante disciplinada e comecei a pesquisar receitas com ingredientes que eu pudesse comer. Comecei fazendo sopas, a minha preferida era a de abóbora japonesa, com cenoura e batata doce. Logo estava me aventurando com receitas mais elaboradas, mas sempre encontrava algum prato apetitoso que tinha vontade de fazer e não podia. Consegui seguir a risca a lista as recomendação da Dra. Carolina e fui toda orgulhosa para a consulta de retorno um mês depois crente que ela iria liberar algumas coisas, principalmente o limão e o tomate. Já estava pensado nas delícias que iria fazer depois da consulta, poderia finalmente fazer todas as receitas da culinária árabe que eu tinha copiado no meu caderno.
Mas como a Dra. Carolina era mais para a uma vovó Herta do que para uma bondosa vovó como Dona Benta a restrição continuou e ela deixou bem claro que seria por tempo indeterminado. Saí do consultório e joguei claro a lista para o espaço. Cozinhar sem limão não dá, afinal sem ele como refrescar a vida?
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2 comentários:
É isso ai, Ari... muito interessante sua historia...
Podemos dizer que você seguiu a filosofia do: 'Se a vida te da um limao, faça uma caipirinha !!!'
Bjs,
complementando o comentário acima:
se a vida te tirar um limao, pega kiwi e faz uma sakerinha!
:*****
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