segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Person of the year


Essa semana a Chapers recebeu e revista Times com atraso, no dia que a revista chegou eu estava no grupo que abriu a loja as 8h45 e o gerente deixou a gente pegar alguns exemplares em primeira mão(A Times esgota no mesmo dia que chega). E separei 3 para mim, parece exagero, mas esse é o exemplar que elegeu as pessoas mais importantes e influentes do ano, e esse ano The Person of the year* é o Obama. Quando comprei as revistas senti que estava comprando um exemplar histórico, desses para guardar para a posteridade. Lendo a revista você consegue sentir o otimismo que ele conseguiu gerar não só na sociedade americana, mas em todo o mundo. Só de saber que em 2009 quem assume a Casa Branca no lugar do Bush é o Obama já dá alívio e otimismo para o resto do ano.



* The winner of the "Person of the Year" is "the person or persons who most affected the news and our lives, for good or for ill, and embodied what was important about the year, for better or for worse."

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Para mulheres

Se você é mulher com certeza alguma vez já ficou com muitas caramilholas na cabeça em relação ao sexo oposto. Eu nunca botei muita fé nos guias de revistas femininas tipo Cláudia, Nova, Elle acho que sempre são cor-de-rosa demais e o como são escritos por mulheres a opinião é totalmente parcial, porque sempre está sobre a ótica de uma mulher. Um dia desses estava eu de bobeira fuçando pela internet, caí no Blog, Manual do Cafageste(para mulheres), muito por acaso, e achei genial, muito bem humorado, um pouco ácido, mas verdadeiro, porque fala sério né ninguém merece ficar com minhoca na cabeça só porque o cara não ligou.

Livros

Já falei aqui o quanto foi díficil para mim, com a mudança para Montreal, deixar para trás os meus livros, quando consegui o emprego na Chapters já senti coceira nos dedos para recomeçar a minha biblioteca particular e dito e feito 2 meses de trabalho e a minha mesa está cheia deles(isso porque me contrelei muito, mas muito mesmo). Aqui vai a minha lista de novas aquisições para quem quiser sugestões de leitura.

- Martha Stewart's Cookies
Receitas fantásticas de cookies, brownies e afins

- Embroideries - Marjane Satrapi
Da mesma autora de Persépolis, que eu devorei, tanto o livro quanto o filme, excelentes

- Aunt Julia and the scriptwriter - Mario Vargas Llosa
Comprei porque um colega de trabalho fez uma propaganda boa do livro, fiquei curiosa

- The Flying Toutman's - Miriam Toews
Comprei porque ela é uma escritora canadense e queria conhecer os autores daqui

- Suite Française - Irène Némirovsky
A história se passa em Paris durante a segunda guerra mundial

- About Alice - Calvin Trillin
Esse já li, é bem fininho e lindo, Calvin Trillin é jornalista e sua esposa morreu em decorrência de complicação de um cancer no pulmão, o livro é uma declaração de amor a ela. Lindo lindo lindo.

- L'élegance du hérisson - Muriel Barbery
Queria ter comprado esse livro na França desde que li "Une Gourmandise".

- Mrs. Dalloway - Virginia Woolf
Clássico por 5 dólares

- Emma - Jane Austen
Clássico também por 7 dólares

- My life in France - Julia Child
Comprei em um momento nostalgia e estou adorando as descrições sobre Paris dos anos 50

- The brief wondrous life of Oscar Wao - Junot Díaz
O livro ganhou o Pulizter Price de 2008

- The White Tiger - Aravind Adiga
Ganhou o Man Booker Prize de 2008 e eu li um post no blog do Zeca Camargo

- Animal, Vegetable, Miracle - Barbara Kingsolver
Achei muito bacana, uma família resolveu mudar seu estilo de vida e durante um ano só consumiram o que cultivavam no sítio, quero saber no que deu.

- Alice Waters and Chez Panisse - Thomas Mcnamee
Biografia de umas das chefs mais influentes da Califórnia e do seu restaurante o Chez Panisse

- La Bonne Cuisine de Madame E. St-Ange
Clássico livro de cozinha francês. Em liquidação por 6 dólares

- The Complete Novels - The Brontë Sisters
Não podia deixar passar por 10 dólares

- The Complete Novels - Jane Austen
Também por 10 dólares todos os romance da Jane Austen que eu adoro

- Dreams from my father - Barack Obama
Esse é o que eu estou lendo no momento, muito interessante a história do Obama, também é bom saber um pouco sobre um dos homens mais poderosos do planeta.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Então é Natal! (Já?!)

Sobremesa que eu preparei para levar para ceia de Natal. Do Panelinha

Para a base
Ingredientes
250 g / 1 pacote de biscoito champanhe
1 copo americano leite
3 colheres (sopa) de achocolatado em pó
2 colheres (sopa) de conhaque
200 g de chocolate meio amargo
2 colheres (sopa) de açúcar
2 colheres (sopa) de manteiga
1/2 xícara (chá) de leite
Modo de Preparo
1. Numa panela pequena, junte 1 copo de leite, o achocolatado e o conhaque e leve ao fogo médio. Quando ferver, desligue e deixe esfriar.

2. Com o auxílio de uma colher, mergulhe um biscoito champanhe de cada vez na mistura de leite com achocolatado e o conhaque por apenas 10 segundos. Retire, deixe escorrer o excesso e disponha o biscoito numa travessa retangular de tamanho médio. Repita a operação com todos os biscoitos, colocando-os uns ao lado dos outros até formar uma camada completa. Reserve.

3. Numa panela, coloque a 1/2 xícara (chá) de leite, o chocolate picado, o açúcar e a manteiga. Leve ao fogo baixo, mexendo sem parar até o chocolate derreter completamente. Desligue o fogo.

4. Com uma colher, regue a camada de biscoitos com a mistura de chocolate derretido. Espalhe bem a mistura com as costas da colher.
Para a cobertura
Ingredientes
2 latas de leite condensado
1 medida de lata de leite
3 ovos
1 caixinha de creme de leite
2 colheres (sopa) de açúcar
Modo de Preparo
1. Em duas tigelinhas, separe as claras das gemas.

2. Numa panela, junte o leite, as gemas e o leite condensado e leve ao fogo médio até ferver, mexendo sempre. Abaixe o fogo e continue mexendo. Quando o creme começar a desgrudar do fundo da panela, conte 5 minutos e desligue. Deixe esfriar.

3. Na batedeira, coloque as claras e bata até o ponto neve. Acrescente o açúcar e continue batendo por mais 3 minutos. Junte o creme de leite à e bata rapidamente para misturar por, aproximadamente, 30 segundos.

4. Na travessa com os biscoitos, despeje o creme de gemas e de leite condensado. Espalhe bem com as costas de uma colher. Cubra com o creme de claras e espalhe com cuidado, para que o pavê fique bem nivelado. Leve ao congelador por 1 hora e meia. Retire do congelador e sirva a seguir.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

Excuse-me, where are the Twilight books?

Essa é a pergunta que eu mais escuto quando estou trabalhando. Antes de começar na Chapters eu nunca tinha ouvido falar desses livros.

[Folha Online]

Quando a revista "Entertainment Weekly" estampou na capa as estrelas de "Crepúsculo", Kristen Stewart e Robert Pattinson, cinco meses antes da estréia do filme nos Estados Unidos, seus editores não deviam imaginar que seria a edição mais vendida do ano, à frente até do número sobre "Batman -O Cavaleiro das Trevas". Desde então, este filme sobre vampiros e amor na adolescência virou um dos maiores fenômenos a atingir Hollywood em 2008.

Feito com US$ 37 milhões, "Crepúsculo", que estréia hoje no Brasil, já faturou US$ 150 milhões desde sua estréia há um mês nos EUA. Cobriu seus custos de produção nos primeiros três dias de exibição só em território americano.

Sua trilha sonora também chegou ao primeiro lugar da parada musical americana. Além disso, turbinou as vendas da série de livros que deu origem ao filme -já passaram das 17 milhões de cópias vendidas no mundo todo.

É a adaptação do primeiro volume da série "Crepúsculo", da norte-americana Stephenie Meyer. No Brasil, os dois primeiros números dessa saga, "Crepúsculo" (ed. Intrínseca, 416 págs., R$ 39,90) e "Lua Nova" (ed. Intrínseca, 480 págs., R$ 39,90), estão entre os mais vendidos nas livrarias. O segundo deles, que vai virar filme com estréia prevista para 20 de novembro do ano que vem, entrou para a lista de mais vendidos já em primeiro lugar.

A versão cinematográfica do primeiro número, dirigida por Catherine Hardwicke, tem arrancado até agora reações mistas dos críticos, mas é sucesso unânime entre seu público alvo: meninas adolescentes, com os hormônios em ebulição, e um ou outro menino emo. "Acho que nunca uma autora ficou tão feliz com a adaptação de seu livro para o cinema quanto eu", disse Stephenie Meyer à imprensa estrangeira.

Amor e vampiros

Mas não é tão difícil explicar a comoção. "Crepúsculo" mistura alguns ingredientes básicos para o sucesso em Hollywood: ídolos teen de beleza avassaladora, um amor impossível e vampiros.

É a história de um desses mortos-vivos, muito bonito e, de quebra, do tipo que não morde humanos, já que sua dieta é sangue animal, que se apaixona pela frágil, delicada e estonteante colega de classe, uma menina de verdade, com tudo que isso acarreta: delírios, exageros passionais e muito calor.

"É a história de uma jovem mulher que se apaixona tão profundamente que ela nem se importa se vai morrer ou se virar vampira também", disse Catherine Hardwicke, ao "New York Times". "Tem algo de muito perigoso e magnético nisso. É um amor obsessivo, não muito distante de "Romeu e Julieta", ou até de "Titanic"."

É verdade também que o britânico Robert Pattinson, na pele do vampiro Edward Cullen após encarnar Cedric Diggory em dois filmes da franquia "Harry Potter", já é apontado como o próximo Leonardo DiCaprio. Nas sessões de autógrafo do filme, houve desmaios das meninas mais frágeis e até uma que, no alvoroço em torno do astro num shopping de San Francisco, quebrou o nariz.

"Queremos que este filme seja um grande evento, que o herói seja mesmo um herói", disse Nancy Kirkpatrick, responsável pelo marketing da série. "Sabemos que será enorme."

Penélope Charmosa



Hoje um dos meus colegas de trabalho virou e pra mim e disse "Sabe o que eu lembro quando penso eu você? Da Penélope Charmosa". Achei fofo, fofo. Deixou meu dia mais leve.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Contardo Calligaris

O Contardo Calligaris é psicanalista e colunista da Folha de São Paulo, sua coluna é publicada toda quinta-feira no caderno Ilustrada. Esse ano ele lançou o livro "Quinta coluna - 101 crônicas" um seleção de algumas de suas crônicas. Os assuntos são os mais variados e são sempre muito interessantes, sempre que você termina de ler uma crônica fica com gostinho de quero mais. Esse livro fiz questão de deixar guardadinho para ter no futuro. Hoje no Folha online eles disponibilizaram uma das crônicas do livro e por coinciência foi uma das que mais me chamou a atenção quando estava lendo o livro.

DESEMPREGO [1.4.2004 ]

Capa da Folha, em 2.2.2004 : em fevereiro, na região metropolitana de São Paulo, o índice de desemprego subiu mais um pouco.

No domingo, o caderno "Empregos" assinalava que 56 semanas é o tempo médio para que um desempregado encontre trabalho. Haja ânimo.

As porcentagens variam segundo o índice escolhido, mas, de qualquer forma, é provável que todos os paulistanos conheçam um amigo ou um parente que, a cada manhã, olha no espelho e se pergunta por que fazer a barba ou por que escovar o cabelo.

Estou lendo um livro recente, que trata dos efeitos das adversidades externas sobre nossa saúde mental, Adversity, Stress and Psychopathology [Adversidade, Estresse e Psicopatologia], de Bruce Dohrenwend (organizador). A perda do emprego está na lista dos piores fatores adversos, com as catástrofes naturais, a morte de uma pessoa amada, o estupro, a doença grave, a separação ou o divórcio.

Nenhuma novidade nisso: é fácil entender que a perda do emprego seja fonte de angústia, de depressão e mesmo, às vezes, de "comportamentos anti-sociais": alcoolismo, violência familiar e condutas criminosas. Compreendemos imediatamente, por exemplo, o desespero do provedor (ou da provedora) que não consegue preencher as expectativas de seus dependentes. "Se a família não pode mais contar comigo, perco minha razão de ser."

Mas há algo mais, que talvez faça do desemprego a adversidade mais danosa para nossa saúde mental. Preste atenção: no balcão de um boteco, como na mesa de um jantar, se seus vizinhos forem desconhecidos, a primeira pergunta não será "quem é você?", mas "o que você faz na vida?". Se eles tiverem uma intenção alegre, talvez tentem primeiro descobrir seu estado civil. Fora isso, o interesse pela sua identidade se apresentará como interesse por seu papel produtivo.

Ora, tanto você como seu vizinho (ou vizinha) viverão essa conversa inicial como um momento, de alguma forma, falso. Pois todos sabemos que somos mais do que nosso ofício: temos histórias, amores, esperanças, interesses, paixões e crenças que, de fato, expressariam muito melhor quem somos. Ao trocarmos cartões de visita, mentimos por omissão. Identifico-me como executivo, bancária, escritor, médica, mecânico, mas quem sou eu? A poeta da meia-noite? O sedutor das salas de bate-papo na internet? O piadista do bar da esquina? O pai preocupado com a doença do filho? A mulher que, a caminho do escritório, se agacha e conversa com o sem-teto que vive na calçada? O homem que cantarola Dorival Caymmi tomando banho?

Não é o caso de sermos nostálgicos. Num passado não muito remoto, cada um era definido por sua proveniência, e as perguntas iniciais diziam: quem foram seus pais e antepassados? Onde você nasceu? Quais são as dívidas que você herdou?

Prefiro os dias de hoje, em que são nossas próprias façanhas que nos definem. É uma escolha que deveria nos deixar mais livres, mas acontece que a praticamos de um jeito estranho: junto com os laços que nos prendiam às nossas origens e ao passado, nossa vida concreta também é silenciada na descrição de nossa identidade. E nos transformamos em sujeitos abstratos, resumidos por nossa função na produção e na circulação de mercadorias e serviços.

Conseqüência: o desemprego nos ameaça com uma perda radical de identidade. E não adianta observar que, afinal, nos sobra o resto, ou seja, toda a complexidade de nosso ser. Tipo: "Perdi meu emprego, mas ainda sou pai amoroso, amante, esposo, amigo, leitor de Saramago e corintiano ou palmeirense". Não adianta porque, em regra, já renunciamos há tempos a sermos representados por nossa vida concreta.

Não é por acaso que as mulheres lidam com o desemprego melhor que os homens, como mostra uma pesquisa recente de Lucia Artazcoz e outros, Unemployment and Mental Health: Understanding the Interactions Between Gender, Family Roles and Social Class [Desemprego e Saúde Mental: Para Compreender as Interações Entre Gênero, Papéis Familiares e Classe Social], American Journal of Public Health, 2004, 94. Duas constatações de Artazcoz: 1) o impacto do desemprego é maior nos homens casados do que nos celibatários ("se não traz o feijão, você ainda é o pai?") 2) as mulheres casadas com filhos, ao perderem o emprego, sofrem menos que os homens e menos que as celibatárias. Explicação: para as mulheres, o exercício da maternidade ainda constitui uma identidade possível. "O que você faz na vida?". "Tomo conta de meus filhos." Para os homens, essa resposta não basta.

Enfim, espera-se que a economia crie empregos. Mas os poetas e os saltimbancos também têm uma tarefa crucial: são eles que podem, aos poucos, convencer a gente de que é nossa vida concreta que nos define, não nossa função produtiva.

P.S.: Um sonho recorrente propõe que reaprendamos a colocar raízes, ou seja, a definir nossa identidade por uma parcela de terra que nos sustentaria, que seria nossa e à qual pertenceríamos. Em 1932, Henry Ford, consternado pela crise que assolava os EUA, aderiu ao movimento da volta à terra. Declamou: "A terra! É lá que estão nossas raízes. Nenhum seguro-desemprego pode se comparar à aliança entre um homem e seu pedaço de terra". Curioso precursor de João Pedro Stedile, ele imaginava (e nisso tinha razão) que, se cada um mantivesse uma relação íntima com seu lote de terra, o desemprego poderia ser um aperto econômico, mas não uma queda no vazio. Pena, já era tarde demais para isso.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Música de Apego 2

Os meus sentimentos sonoros











Música de Apego

Hoje olhando o site da tpm acabei descobrindo o Podcast Música de Apego, todo mês um convidado compartilha seus "sentimentos sonoros". Gostei muito do da Nina Becker(que acabou de ganhar o APCA de melhor cantora).

Música de Apego

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Brasil é 5º pior em ranking da propina no exterior, diz Transparência Internacional

País teve nota 7,4, segundo relatório sobre 22 países que mais exportam. Ranking é liderado por Bélgica e Canadá e tem Rússia na pior posição.

Do G1, com Reuters

O Brasil ficou com a quinta pior posição em um ranking de 22 países sobre empresas que pagam propina ao fazer negócios no exterior, divulgado nesta terça-feira (9) pela ONG alemã Transparência Internacional.

A entidade divulgou seu Índice dos Pagadores de Propinas de 2008, listando os 22 países economicamente influentes do mundo em relação a sua tendência de pagar propinas no exterior.

A pesquisa foi baseada em entrevistas com 2.742 executivos experientes e conduzidas entre 5 de agosto e 29 de outubro. Ela classifica os países em uma escala de 0 a 10. Quanto maior o escore, menor a tendência de as companhias do país praticarem a propina.

O Brasil teve nota 7,4, a quinta pior entre os 22 pesquisados, e ficou empatado com a Itália.

A Rússia, cujo presidente, Dimitri Medvedev, considerou a corrupção como um dos desafios-chave no país, ficou no pior lugar da lista, com um escore de 5,9.

Depois, vem a China, com 6,5, o México, com 6,6, e a Índia, com 6,8.

Os países mais bem classificados são a Bélgica e o Canadá, com nota 8,8.

Empresas de países emergentes como a Rússia e a China são mais propensas a pagar propinas quando fazem negócios fora do país, conclui o relatório.

"O índice proporciona prova de que certo número de empresas de grandes países exportadores ainda usa propina para conseguir negócios fora, apesar de conscientes do impacto danoso da prática na reputação corporativa e nas comunidades, disse Huguette Labelle, presidente da Transparência Internacional em comunicado.

O relatório anterior havia sido publicado em 2006. Naquele ano, a Índia ficou na pior posição, abaixo de China e Rússia. Nos melhores postos, ficaram Suíça, Suécia e Austrália.


Veja a seguir o ranking:

1) Bélgica, 8,8
1) Canadá, 8,8
3) Holanda, 8,7
3) Suíça, 8,7
5) Alemanha, 8,6
5) Reino Unido, 8,6
5) Japão, 8,6
8) Austrália, 8,5
9) França, 8,.1
9) Cingapura, 8,1
9) Estados Unidos, 8,1
12) Espanha, 7,9
13) Hong Kong, 7,6
14) África do Sul, 7,5
14) Coréia do Sul, 7,5
14) Taiwan, 7,5
17) Itália, 7,4
17) Brasil, 7,4
19) Índia, 6,8
20) México, 6,6
21) China, 6,5
22) Rússia, 5,9

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Lula e a crise

É tão poética a forma que o nosso presidente encontra para se expressar....

"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na tarde desta quinta (4) no Rio de Janeiro que, no atual contexto de crise internacional, se sente isolado ao demonstrar otimismo com o Brasil.

"Tem horas que me sinto um Dom Quixote. Às vezes me sinto sozinho tentando pregar o otimismo", disse o presidente para uma platéia de artistas e intelectuais durante cerimônia de lançamento do Fundo Setorial do Audiovisual, no Palácio Gustavo Capanema.

Lula comparou o mercado a um adolescente que se julga independente, mas, diante da "primeira dor de barriga", volta para a casa dos pais.

"Quando o mercado teve a dor de barriga, que foi uma diarréia insuportável,quem é que eles chamaram para salvá-lo? O Estado que eles negaram durante 20 anos. É por isso que o mercado precisa de controle e de regulação", declarou.

Em outra analogia, para enfatizar que, apesar da crise, ninguém deve entrar em clima de desespero, disse o seguinte:

"Imagine se um de vocês fosse médico e atendesse um paciente doente. O que você falaria para ele? Olha companheiro, você tem um problema, mas a medicina já avançou demais, a ciência já avançou demais, nós vamos dar tal remédio, você vai se recuperar? Ou você diria: Sifu? Vocês diriam isso para um paciente de vocês? Vocês não falariam", afirmou, arrancando um misto de riso e constrangimento da platéia."


g1.globo.com

A casa sonolenta

Outro dia na livraria uma moça me pediu ajuda para comprar um livro para a sobrinha de 2 anos, ela queria um livro para ler antes de dormir, na hora pensei no livro da Disney que tem 365 histórias uma para cada dia do ano, mas ela queria um livro menor que pudesse carregar na bolsa, já estava ficando tensa porque ela não gostava de nenhuma das minhas sugestões(sugeri um livro super fofo também, Ten little finger and ten little toes que é lançamento de uma autora australiana, Men Fox), até que olhando a prateleira bati o olho num livro que me parecia familiar, eu não lembrava direito da história mas lembrava das ilustrações e que li o livro muitas e muitas vezes e que gostava muito, acho que devo ter falado com tanto entusiasmo que ela aceitou a minha sugestão e comprou o livro. Quando cheguei em casa dei um google e vi que o livro era A Casa Sonolenta reli a história e quis postar aqui...



A CASA SONOLENTA
Era uma vez uma casa sonolenta, onde todos viviam dormindo.Nessa casa tinha uma cama, uma cama aconchegante, numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.

Nessa cama tinha uma avó, avó roncando, numa cama aconchegante, numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.

Em cima dessa avó tinha um menino, um menino sonhando, em cima da avó roncando, numa cama aconchegante , numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.

Em cima desse menino tinha um cachorro, um cachorro cochilando, em cima do menino sonhando , em cima da avó roncando, numa cama aconchegante, numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.

Em cima desse cachorro tinha um gato, um gato ressonando, em cima de um cachorro cochilando, em cima de um menino sonhando, em cima de uma avó roncando, numa cama aconchegante, numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.

Em cima desse gato tinha um rato, um rato dormindo, em cima de um gato ressonando, em cima de um cachorro cochilando, em cima de um menino sonhando, em cima de uma avó roncando, numa cama aconchegante, numa casa sonolenta onde todos viviam dormindo.
Em cima desse rato tinha uma pulga...
Será possível? Uma pulga acordada, em cima de um rato dormindo, em cima de um gato ressonando, em cima de um cachorro cochilando, em cima de um menino sonhando,em cima de uma avó , numa cama aconchegante, numa casa sonolenta, onde todos viviam dormindo.

Uma pulga acordada, que picou o rato, que assustou o gato, que arranhou o cachorro, que caiu sobre o menino, que deu um susto na avó , que quebrou a cama, numa casa sonolenta onde ninguém mais estava dormindo.

AUDREY WOODY

Ice Skating

Sábado passado, eu a Família-Lapin, Marcelo e Cenília fomos até a Bonaveture...patinar!!
No começo quando você chega e vê aquele monte de gente patinando como se estivessem bebendo água você fica um pouco insegura, depois então que a Lapin-Mère me fala que um amigo do Nilson afundou os dentes patinando pelo primeira vez e gastou $1.000 para arrumar, aí que pensei agora que não coloco esses patins mas por nada nesse mundo, minha assurance maladie ainda nem chegou, vai que eu me espatifo nesse gelo....mas aí a Babi se empolgou e eu fui junto com ela, depois de algumas voltas dandos uns chega pra cá na barra já estava patinando bonitinho, a Cenília até falou que parecia uma profissa. No fim não me espatifei no chão, não afundei os dentes, mas tomei água que nem uma retirante(patinar dá uma sede!!) e me diverti a beça uma parte louca minha quer que a neve chegue para poder patinar nos parques(fala vai, muito chique falar - onde você foi hoje? Fui patinar no Parc La Fontaine).


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Se arrependimento matasse

Não estava preparado para a guerra, admite Bush

Presidente americano diz que falha da inteligência no Iraque é o maior arrependimento de sua gestão

WASHINGTON - O presidente americano George W. Bush disse que o maior arrependimento de sua gestão foi a falha informação da inteligência de que o Iraque tinha armas de destruição em massa. Em entrevista à emissora ABC, ele afirmou ainda que não estava preparado para a guerra quando assumiu a Presidência.

Bush deixará a Casa Branca em 20 de janeiro, com índices de rejeição próximos a um recorde, em parte pela impopular guerra do Iraque que tirou Saddam Hussein do poder após uma invasão liderada pelos Estados Unidos, em março de 2003. Mais de 4,2 mil soldados americanos morreram no país árabe.

"O maior arrependimento de toda a Presidência tem que ser a falha de inteligência no Iraque. Várias pessoas colocaram sua reputação à prova e disseram que as armas de destruição em massa eram a razão para retirar Saddam Hussein", revelou Bush.

Mas o presidente americano se recusou a especular se entraria na guerra se a inteligência tivesse dito que o Iraque não possuía armas de destruição. "Essa é uma questão interessante. É uma reconstituição que não posso fazer", afirmou Bush, segundo trechos da entrevista da ABC em Camp David.

Enquanto se prepara para passar as guerras no Iraque e Afeganistão para seu sucessor, o presidente eleito Barack Obama, Bush disse que a questão para a qual ele estava menos preparado quando se tornou presidente era a guerra.

"Eu acho que estava despreparado para a guerra. Em outras palavras, não fiz uma campanha e disse: 'por favor vote em mim, eu poderei lidar com um ataque', acrescentou o presidente americano. "Eu não antecipei a guerra."

Retirar as forças americanas do Iraque antes do tempo apropriado poderia comprometer seus princípios, afirmou Bush. "Foi um momento difícil, particularmente, desde que um monte de pessoas estavam me aconselhando a sair do Iraque", continuou.

Há 146 mil soldados americanos no Iraque e 32 mil no Afeganistão. "Deixarei a Presidência com minha cabeça erguida", concluiu o presidente americano.

Fonte: Reuters

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amélia que era mulher de verdade


A promessa das máquinas


Filhos não são autocriantes, louças não são autolimpantes e roupas não são autoguardantes. Era tudo balela dos Jetsons e dos Robinsons

Eu tinha duas famílias prediletas, ambas do futuro: os Jetsons, de um desenho animado, e os Robinsons, do seriado Perdidos no Espaço. Achava-se que acabaríamos usando macacões prateados colados ao corpo e botinhas que finalizavam essa espécie de malha unissex. Era década de 60 e na televisão o porvir era representado igual ao presente, mudando só o figurino. Os homens ainda trabalhariam fora, enquanto as mulheres cuidariam do lar, mas haveria um atenuante: os robôs. Os Robinsons tinham um exemplar macho e os Jetsons tinham Rosie, uma eficiente empregada automática.

Todos conhecemos a imagem clássica da dona de casa da época: cabelo duro de laquê, vestido acinturado, seios espetados e um sorriso no rosto enquanto segura, sem esforço nenhum, seu aspirador de pó. Representante de um novo tipo de nobreza ao alcance da classe média, ela tem suas máquinas. Não lida mais com trapos e vassouras, a sujeira é aspirada. Ela não cozinha mais, aciona mixers, fritadeiras, grills. Suores e outros detritos são problema de sua máquina de lavar e os calos nos joelhos ficarão por conta da enceradeira.

O cotidiano doméstico lembra o trabalho do pobre Sísifo, empurrando a pedra montanha acima para em seguida vê-la despencar, retomando a tarefa infinitas vezes. Lava-se e arruma-se o que, na seqüência, será sujo e esparramado, cozinha-se o que será imediatamente devorado. O sorriso na cara das senhoras das propagandas e dos meus seriados favoritos, seu inalterável humor de Noviça Rebelde, ficava por conta de um engano, seriam liberadas do trabalho doméstico. Lamento dizer: a promessa de Rosie não se cumpriu.

Sorriso congelado, só de miss

Fornos não são verdadeiramente autolimpantes, louça e roupas não são autoguardantes, o ferro elétrico continua exigindo manobras humanas e, principalmente, filhos não são autocriantes. Nem o produto químico mais incrível vai ajudar a sorridente moça do comercial a abstrair que ela está limpando uma patente. A formação de uma família inclui um sem-número de atividades que têm que ser executadas pessoalmente, as quais sabemos que, se não as desempenharmos, pagaremos caro por isso, pelo menos com a culpa. A tarefa de convencer as mulheres dos encantos do lar incluiu um grande engano: vocês nunca mais se sujarão para limpar, nunca mais se cansarão. Balela, a fome e o caos não cansam de retornar.

Não me venham exigir esse sorriso congelado de miss, de atleta de nado sincronizado, enquanto corto cebola. Ser mulher continua dando um trabalho cotidiano sem glória nem memória, do qual saímos com a sensação de não ter feito mais que a obrigação. No dia seguinte, a sujeira, a bagunça e as incessantes necessidades dos filhos levarão tudo à estaca zero. Sísifo.

Por isso, aos ainda poucos e maravilhosos homens que começaram a dividir conosco esse campo de trabalhos forçados a que chamamos lar, as boas-vindas. A dois fica um pouco menos penoso. Pensando bem, isso é ainda melhor do que a Rosie.

Diana Corso, No Divã - [Revista TPM, Novembro 2008]

A nova moda entre solteiros de Rio e SP: contratar ''esposa de aluguel''

Cresce número de mulheres que ganham dinheiro cuidando de casas alheias; serviços vão de botão a bolo

O anúncio é direto. "Você é solteiro? Sua vida está uma bagunça? Você não precisa de uma esposa, precisa de mim." É assim que Cristiane Passos, carioca de 31 anos, oferece seus préstimos de dona de casa prendada, dessas que se esmeram em pregar botão e fazem bolos em fôrma furada. Ela descobriu uma forma de ganhar dinheiro ao preencher uma lacuna nos lares: a falta de tempo - ou paciência - para cuidados domésticos. Como ela, outras mulheres têm oferecido o serviço sob nomes variados - consultora do lar, governanta por um dia ou, como ela prefere, esposa de aluguel.

"O solteiro não tem quem cuide dele, quem veja que as cuecas estão furadinhas! Se deixar, dormem semanas com o mesmo lençol, em cima de farelos...", diz Cristiane, que se transforma em esposa de aluguel após as 17 horas, quando sai da empresa de manutenção de aeronaves onde trabalha. "Apresento as soluções mais baratas. Falo: Olha, suas toalhas estão horríveis? Aí, compro e apresento a nota." Com R$ 130, faz refeições para o mês todo.

Carlos, Leandro, Douglas - os "maridos" - não reclamam. "Eu diria que ela é uma mulher à moda antiga, mas o serviço é à moda moderna", diz o pesquisador Carlos Bevilacqua, de 40 anos, que mora só e contratou a esposa de aluguel há um ano. "Como todo homem, não tenho tempo nem paciência para cuidar da casa. Mas gosto de ver tudo arrumado." E também de ser surpreendido. "Lembro a primeira vez que abri a geladeira e vi um bolo lá dentro. Eu nem tinha pedido!" Ele prefere que Cristiane se encarregue pessoalmente da limpeza. Em outras casas, ela terceiriza essa parte e só fiscaliza.

E que ninguém confunda os papéis. É que alguns perguntam se estão incluídas "todas" as atribuições de esposa. Educadamente, ela diz que não. E nada de discutir relação."Sou esposa, mas sem os problemas de um relacionamento", avisa ela, que é separada. "Costumo dizer: quando a mulher faz tudo isso de bom grado, não tem valor. Se pagarem, valorizam." Tanta dedicação tem preço, de acordo com a exigência do "marido". "Mas não saio de casa por menos de R$ 50."

SAUDOSA

Nada escapa aos olhos de Emiliana Spínola, de 51 anos, quando entra na casa de alguém pela primeira vez. Museóloga por formação e viúva saudosa dos tempos em que vivia de avental pela casa de 14 cômodos, ela dedica-se ao serviço batizado por ela de "governanta por um dia". Em São Paulo, é procurada por famílias que se mudam para um apartamento menor e por quem não consegue cuidar da casa. Ao custo de R$ 35 a hora.

Antes de aceitar qualquer trabalho, ela entrevista todos da casa. "Preciso conhecer todos os hábitos dos moradores, até as preferências esportivas e religiosas", diz Emiliana, para em seguida desfiar miudezas que escapam à vida atribulada dos clientes: "Sabe o interruptor de luz? É muito comum as pessoas não limparem. E o puxador do armário da cozinha? Sempre sujo..."

Também em São Paulo, a "consultora do lar" Margarete Pereira, de 41, atende a telefonemas de maridos desesperados com a falta de noção doméstica das esposas, mais preocupadas com a carreira. E ela se apressa em dizer: "Tem um pouco de machismo. Mesmo que os homens não saibam cuidar da casa, eles esperam que nós saibamos. Pensam que a gente já nasceu com isso", diz Margarete, cuja hora - seja para organizar um armário ou levar um cachorro ao pet shop - vale R$ 60.

"Outro dia, um marido entrou em contato dizendo que não agüentava mais as reclamações da esposa sobre a empregada." E lá vai Margarete ensinar as funcionárias a usar os produtos. As esposas dificilmente se interessam em aprender. "Muitas não sabem nem um truquezinho. Aceitam que se gaste 12 tubos de detergente por mês!"

Segundo a professora da USP Eni de Mesquita Samara, doutora em História Social, o perfil da mulher em relação à casa começou a mudar entre o fim do século 18 e o início do 19. "As mulheres hoje se preocupam mais com a vida profissional. Já os homens continuam no papel tradicional, preocupados com a vida fora de casa. Criou-se uma lacuna." Eni diz que as pessoas continuam a se importar com a vida doméstica. "E agora, com a falta de alguém que se dedique a isso, o cuidado com a casa ganhou outro papel. Terceirizar é um caminho."

A própria Margarete é um exemplo de mulher mais preocupada com a vida profissional. Apesar de treinar domésticas, os cursos de copeira, etiqueta e governança a tornaram exigente a ponto de preferir não ter empregada. "Tenho de cuidar da casa dos outros e da minha sozinha." Ela não se vê como dona de casa dedicada. "Meu marido até poderia reclamar: estou tão focada no trabalho que minha casa está um caos!"

Mariana Faraco - O Estado de São Paulo

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O café que virou hambúrger


Esperando que em breve os encontros sejam por aqui....

domingo, 16 de novembro de 2008

"Aqui é um caldeirão de transformação"

Dóris Bicudo, Direto da Fonte - [O Estado de São Paulo, 16.11.2008]

Assim a monja Coen vê o Brasil, com seu olhar de budista. “Para mudar o mundo, basta prestar atenção no outro”, diz

A vontade de transformar o mundo tomou corpo nos anos 60, quando a jovem e rebelde Cláudia Batista de Souza, então repórter do Jornal da Tarde, foi saber como funcionavam as sociedades alternativas. Dali para a frente, ela viveu várias experiências - uma vida boêmia, da qual guarda uma cicatriz na orelha, por conta de um acidente com um Fusquinha. Uma temporada em Londres, onde se envolveu com drogas. Depois, ela namorou, casou e teve uma filha.
Corta a cena. Entra monja Coen, uma mulher de 60 anos, ainda com vontade de transformar o mundo, mas de outra maneira. Ordenada em 1983, no Japão, depois de iniciar seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles, ela fundou a Comunidade Zen Budista, em São Paulo. Foi também a primeira mulher de origem não japonesa a presidir a Federação das Seitas Budistas do Brasil.


Nosso encontro ocorreu no templo onde ela mora, no Pacaembu. E é de lá, ou de qualquer outro lugar, avisa ela, que pode acontecer a transformação que queremos para o planeta. Como? “Basta querer e prestar atenção no outro.” E é justamente por seus projetos para a paz, a justiça e a cura da Terra e dos seres vivos que monja Coen é uma das indicadas para o Prêmio Trip Transformadores, que sai nesta terça-feira.


Como a crise atual aumentou o interesse de executivos pelo templo? Tem havido sim. Temos alguns empresários que freqüentam a comunidade e um deles sugeriu que a gente faça um encontro falando sobre essa visão budista das coisas, de que não é preciso esse excesso de estresse. Se perdermos, perdemos. Por que não? Podemos ganhar depois. Porque tudo é passageiro. Quando temos, nos alegramos por ter. Quando perdemos, podemos nos entristecer, mas nos preparar para ganhar adiante. Tudo na vida é transformação.


O que significa, para a senhora, a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos?
Celebro com muita alegria, no sentido de que foi uma confiança na democracia. Se pensarmos que há cerca de 50 anos os negros não tinham acesso aos lugares, não podiam sentar nos ônibus e que hoje temos um presidente mestiço... E com uma carinha de brasileiro, que até parece estranho ele falar inglês.


Este momento já seria um processo de transformação? O que está mudando é o que eu chamo de nosso modelo mental. Acredito que o nosso instinto de sobrevivência é maior. Por conta disso, muitos de nós já percebemos que essa é a nossa casa comum e para que possamos sobreviver com saúde temos de cuidar do nosso quintal. Eu vejo uma possibilidade muito grande da transformação para patamares de consciência mais elevados, mais profundos. Uma visão que transcende partidos políticos e sistemas econômicos.


Nós, brasileiros, podemos ser exemplo desse novo tempo? Somos. Aqui é um caldeirão de transformação. Nossa sexualidade mais exacerbada nos levou a uma miscigenação mais fácil. O fato de que eu gero em mim filhos, que são de etnias diferentes, acho uma vantagem. E tem outro aspecto muito interessante, o de não termos tido muitas guerras. Temos violência urbana, sim, mas se a gente pensar na violência urbana relacionada com o que é guerra, somos um povo de paz. A gente vê no mundo um levantamento de pessoas, um pensamento de construção de paz muito grande.


Vale como um alento... É. Se a gente pensar que Hiroshima foi completamente arrasada e hoje é uma cidade belíssima, com jovens descendentes dessa coisa medonha, brilhando em vida! E eu acredito na vida. E está acontecendo uma mudança muito positiva. É que essas coisas que são muito bonitas não são divulgadas. É claro que o fato de um menino pôr uma bomba no corpo e se atirar sobre outras pessoas para matar impressiona tanto que dá manchete de jornal. No entanto, acho positivo a violência ainda nos chocar. Sinal de que a vida se renova incessantemente e de que não somos tão poderosos quanto achamos. Temos uma inteligência e uma capacidade de compreensão um pouco diferenciada dos outros animais.


Estamos a caminho de ter um budismo brasileiro? Ele está surgindo. Nós temos aqui três grupos que cresceram muito, que são a Seicho-no-Ie, a Messiânica e o Perfect Liberty. E essas correntes têm um certo sincretismo religioso entre budismo, xintoísmo - que é uma religião originária do Japão - e o cristianismo.


Acredita que pode haver uma miscigenação com o candomblé ou a umbanda?
Tenho esperanças de que possamos manter as tradições. Embora as pessoas em suas casas e em seus corações possam seguir grupos diferentes, acho que cada uma tem uma característica importante, particular e sua. Seria mais interessante que não se misturassem.


Qual é o papel da mulher no budismo? Muito importante. Os primeiros monásticos japoneses foram mulheres. Só depois é que se tornou uma tradição masculina. Durante a 2ª Guerra, quando muitos homens morreram, as monjas, que antes só serviam para cozinhar, lavar roupa e servir o chá, precisaram fazer enterros, celebrar casamentos. Uma situação real criou a mudança. Próximo do que está acontecendo no mundo: nós temos uma transformação importante no papel das mulheres dentro da sociedade.


Pode-se dizer que a senhora é uma feminista? Não sei se sou feminista. Acredito que temos de caminhar juntos, homens e mulheres, mas não somos iguais. Definitivamente, não somos! Em português, plural de homens e mulheres é homens. Desde quando? As mulheres entraram no mercado não porque elas gritaram que queriam trabalhar. Houve uma necessidade social, política e econômica. Estamos vivendo e fazendo essa história lado a lado.


E a família? O conceito de “minha família” é uma coisa retrógrada. A nossa família é a família humana. E quando nós percebemos isso, passamos a ser “cuidadores”. A vida da minha filha, por exemplo, é muito diferente da minha. Ela está vivendo aquilo que pode viver neste momento. Quando mais nova, me questionava muito e me acusava de tê-la abandonado. No nosso caso, uma saudade muito grande faz parte do nosso relacionamento.


Construir em silêncio, é esse o segredo?
Sim, caminhar em silêncio. É o bem que a gente faz e que quase ninguém percebe. Porque aquele que não está nos vendo é um ser humano como nós. No momento em que incluirmos aquele que nos exclui há uma transformação. É meio mágico isso. É como disse Mahatma Gandhi: “Se você não é capaz de amar aqueles que aparentemente são os seus inimigos, não vai dar certo.” Não quero convencer o outro de que “só o meu caminho salva”. Entendo quando novos grupos falam isso porque nossos grupos, quando foram novos, há milênios, falaram coisas semelhantes.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Les Québécois travaillent moins

Jean-Michel Nahas, Le Journal de Montréal - [10 de novembro de 2008]

La semaine de 40 heures n’a plus la cote. Fini aussi le traditionnel 9 à 5 à longueur d’année. Les employés québécois veulent des horaires plus souples pour voyager, s’amuser et voir grandir leurs enfants.

«Avant, tu paraissais bien si tu faisais 80 heures, ce n’est plus le cas. C’est le choc des cultures », lance Jean-Claude Gagné, consultant à la Banque de développement du Canada.
Le nombre d’heures travaillées est en baisse constante dans la Belle Province. En 1976, les Québécois bossaient 39 heures par semaine. L’an dernier, ce chiffre a chuté à 35, soit la plus faible moyenne au pays, selon des données de l’Institut de la statistique du Québec. Semaine de quatre ou même trois jours, congés prolongés, travail à domicile : les employés réclament désormais des conditions très avantageuses.
«Les demandes du genre sont de plus en plus grandes. C’est dans l’air», souligne Diane Gabrielle Tremblay, professeure de ressources humaines à la TÉLUQ.
De fait, 28 % des Québécois soufflent davantage grâce à une semaine de boulot moins chargée – entre 29 heures et 36,5 heures hebdomadaires -, selon Statistique Canada. En comparaison, à peine 15 % des Albertains profitent d’un tel privilège.

Flexibilité

Une récente étude de la firme Hewitt et Associés conclut aussi que la flexibilité de l’horaire vient au premier rang des préoccupations des travailleurs au pays.
Les employés issus des générations X et Y seraient-ils fainéants?
«Non, tranche Jean-Claude Gagné. Mais les baby-boomers ont été élevés à la réussite. Ils comprennent mal que les plus jeunes disent : Je fais moins d’heures mais je suis heureux.

«Qualité de vie»

Tout indique que la qualité de vie est désormais aussi importante, sinon plus, que les réalisations professionnelles.
«Quand je n’avais pas d’enfants, je travaillais plus de 60 heures par semaine. Je ne pouvais plus continuer à ce rythme, j’étais beaucoup plus stressée », confie Laure Waridel, 35 ans, qui s’est donnée corps et âme pour fonder l’organisme Équiterre avant de se convertir en travailleuse autonome, diminuant de presque la moitié ses heures d’ouvrage.
«C’est beaucoup plus la norme de voir des gens qui ont des projets personnels et qui ne vivent plus uniquement pour le travail », relate pour sa part Sylvain Vincent, associé directeur pour l’est du Canada chez Ernst & Young.

Phénomène mondial ?

La conciliation grandissante entre le travail, la famille et les loisirs est aussi très en vogue ailleurs dans le monde.
D’après Diane-Gabrielle Tremblay, l’Angleterre, les Pays-Bas et un État d’Australie contraignent les entreprises à accorder la semaine de quatre jours à tous les travailleurs qui en font la demande, en autant que ceux-ci aient un motif valable.
Selon le ministère du Travail, aucun programme du genre n’est dans l’air au Québec.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Alma Boa De Montreal

A pessoa que eu quero agradecer provavelmente não vai ler esse post, mas fica a intenção...Ontem depois do meu treinamento foi na American Eagle Outfiters comprar um segunda leva de roupas para trabalhar(a Indigo.Chapters tem um código de vestuário bastante rígido e um pouco chato, que vai desde blusas, saias, calças até os sapatos, cabelo e acessórios). Sai da loja toda prosa e fui até a Indigo comprar um livro e tomar um café(eles tem um café super bacana na Indigo da McGill todo orgânico e natureba), peguei meu livro, tomei um café dei uma folheada na Vanity Fair peguei minhas coisas e fui para o caixa pagar, estava toda feliz por usar pela primeira vez meu super cartão(diga-se o cartão que pode ser o fim do meu salário todos os meses e que deve ficar em casa na gaveta), sai da loja já pensando no que iria cozinhar p/ o jantar e pensando como a temperatura estava agradável, já estava quase no metrô quando recebi um ligação da minha futura roommate me convidando para jantar num restaurante português eu já estava aceitando o convite, quando me dei conta que...tinha esquecido a sacola com as roupas na livraria, aí foi aquele desespero, Ai Meu Deus acabei de gastar uma grana com essas roupas!! Entrei na loja como um foguete, fui no café perguntei se alguém tinha entregado uma sacola azul com roupas dentro, nada, ninguém tinha encontrado, fui no achados e perdidos e nada da minha sacola, já estava me conformando com a perda das roupas de trabalho e com alguns muitos dólares gastos à toa quando pensei em perguntar no caixa se alguém tinha achado a minha sacola, tive que esperar minutos que pareceram uma eternidade para um caixa ficar livre perguntei se alguém tinha encontrado uma sacola azul com roupas dentro e mocinha ficou me olhando, e eu pensando lá se vai a minha última gota de esperança, até que ela vira para mim com toda a calma do mundo(juro que não sei da onde os canadenses tiram essa calma, sério, ou eu que sou uma paulistana da gema e nunca vou relaxar do meu stress), acabaram de deixar aqui e me entregou a sacola...agradeci de todas as formas que eu conhecia e depois pensei que ainda existem almas boas nesse mundo. Então como essa santa alma tinha salvo a minha noite e o meu cartão de crédito resolvi aceitar o convite da minha roommate to be e fui jantar no Doval onde comi um carneiro na grelha delicioso, depois para a sobremesa fomos num Bar à Chocolat maravilhoso.

Chez Doval
150 Marie-Anne, Est
514.843.3390

Juliette&Chocolat
1615 St-Denis
514.287.3555

377 Laurier Ouest
514.510.5651

Paris Toujours

Ando com uma saudade tão grande de Paris esses dias....


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Chico Buarque é um chato

“Eu acho o Chico Buarque um horror, um equívoco, um chato, um parnasiano. O Olavo Bilac é muito mais moderno que ele. Ele faz uma música anêmica, sem energia, sem vivacidade, parece que precisa tomar soro. A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar uma meia.”

Tenho certeza que a grande maioria das mulheres brasileiras não concordam com você, Lobão.


1 Mês

Ontem completei meu primeiro mês de Canadá, e não poderia ter comemorado de forma melhor, assinei meu contrato com a Chapters. Estava em êxtase, muito feliz. Para comemorar sai toda prosa para experimentar um bistrô francês que parecia muito charmoso pela internet e que não me decepcionou.

Justine - Bistrô à Vin

4517 rue St-Denis
514.287.2552
Métro: Mont-Royal

terça-feira, 4 de novembro de 2008

De Emma à Amy

O maior problema de Emma Bovary, a protagonista do romance de Flaubert publicado há 151 anos, não é o marido, Charles, mas o tédio – tédio que ele representa à perfeição. Como um poeta romântico, ou como o próprio Flaubert, Emma queria uma vida mais imprevisível e vibrante, uma existência que não se resumisse ao papel social da esposa-mãe. Seu problema não é ser submissa ou não; é ter uma existência menos rotineira e estereotipada. Amy Winehouse em quase tudo parece ser o oposto de Emma, mas, lendo a biografia de Chas Newkey-Burden recém-lançada (Globo, tradução Helena Londres), lá está ele, o tédio, de novo: “Houve ocasiões em que aprontei na televisão e já apareci bêbada porque estava entediada.”

De Emma a Amy, a vida das mulheres passou pelas maiores transformações; elas, que sempre foram tão mais perspicazes que os homens, avançaram muito. Mas nem tudo mudou. Quando lemos sobre grandes mulheres modernas como Lou Andreas Salomé, Coco Chanel ou Gala, encontramos dilemas muito parecidos sob modos de vida que chocariam Madame Bovary – ou a nossa Capitu. Sim, porque Dom Casmurro é como se fosse a história de Flaubert contada por Charles, o marido que não entende o que sentem as mulheres por baixo de sua dissimulação e obliqüidade. Sua vaidade de filhinho carola o impede de encarar, mais do que a provável traição com Escobar, o mundo interior que ela tem a revelar, o mar de experiências e sensações que aqueles olhos sugerem.

Hoje, ao ver as moças vestidas com roupas poderosas e óculos que cobrem meio rosto e dirigindo carrões SUV como se atravessassem Kosovo no auge da guerra, num primeiro momento Emma e Capitu talvez pensassem que seu triste fim não foi em vão. No segundo momento, perceberiam que o equilíbrio entre praticidade e aventura não é tão sólido assim. Pois o tédio também mudou de forma, ou multiplicou as suas. O que antes era cobrança para ser a estável dona de casa é agora uma miríade de pressões para que seja bem-sucedida, fashion, magra, bem informada, sexy, independente e... a estável dona de casa. Aí estão os comerciais de margarina que não me deixam mentir.

Não foi diferente com mulheres brasileiras modernas, responsáveis por abrir caminhos muito importantes. Quando lemos as memórias de Danuza Leão ou a biografia de Leila Diniz por Joaquim Ferreira dos Santos, que acaba de ser publicada (coleção Perfis Brasileiros, Companhia das Letras), vemos que sua atitude libertária contrasta com seus amores doídos e, mais importante, com a própria insistência em fazer sua vida girar em torno dos homens o tempo todo, até mesmo em prejuízo das carreiras. Veja a vulnerabilidade de outra libertária da contracultura, Eddie Sedgwick, a amiga chique de Warhol (Sienna Miller no filme Factory Girl), tão descolada e drogada quanto Amy.

Há certa ingenuidade nessa angústia; por mais conscientes que as mulheres sejam de como eles podem ser bobos (e de como elas mesmas podem ser chatas), continuam a se projetar em ideais. A sensação que tenho às vezes é a de que todas – mesmo as que reúnem em boas doses essas supostas qualidades – sonham ser a Angelina Jolie, a princesa que casou com o príncipe Brad Pitt. Rita Hayworth notou que os homens iam dormir com Gilda e acordavam com Rita. Hoje é o caso de dizer que nem mesmo Angelina é uma mulher como Angelina Jolie.

Para dar outro exemplo, Carla Bruni, a charmosíssima cantora e modelo que aos 40 anos se casou com o presidente da França e se tornou um símbolo mundial de elegância e comportamento, diz numa das canções melosas de seu último CD: “Você é meu vício, a teus pés deposito minhas armas.” O mesmo vale para Amy, que diz ser “maternal” com os amigos e escreve excelentes versos como “Você volta para ela/ Eu volto para nós”. Quer saber? Acho isso muito bonito. Desde os trovadores do século 12 os homens cantam seus amores para elas; nada mais justo que elas cantem de volta agora, em vez de cair no ódio feminista aos homens. E pelo menos Bruni não parece o tipo de mulher que, como Amy, fica chorando por seu homem no chão da cozinha. Mas o fato é que, em média, elas ainda querem do marido o fim de todo o tédio.

É a principal e talvez única desvantagem sua em relação aos homens: elas não sabem ser objetivas em tais assuntos. Eles ainda se apaixonam mais rapidamente e elas ainda se desapaixonam mais lentamente. Elas sofrem mais com o desencanto, levando a admirável inquietude feminina a se confundir com a dolorosa insatisfação feminina. E fingem não ter tanto interesse pela beleza masculina na hora de justificar que namorem velhos feios e ricos, mas têm ataque histérico quando encontram um bonitão da TV.

Mesmo com a juventude atual ensaiando relações casuais, em que o sexo não é necessariamente o mesmo que o amor, poucas mulheres cedem aos impulsos como gostariam. Como diz Fabrício Carpinejar nas ótimas crônicas de Canalha (Bertrand Brasil), “a autoridade é secularmente feminina”. Eu acrescento: a liberdade, não. Como sua antiga exigência pelo homem perfeito não é nem pode ser atendida, elas descambam em consumismo e cinismo ou em solidão e caretice, muitas vezes em tudo isso junto. A dificuldade em vencer o tédio sem perder o eixo persiste. Não é homem que está em falta. É leveza.

[Por Daniel Piza]

sábado, 1 de novembro de 2008

Charpters

Não demorou nem um mês!

Quem quiser dar um pulinho lá esse final de ano terei boas dicas de presentes!

Chapters-Indigo

Hambúrguer com galette de batatas

Está receita está no blog One is Fun do Panelinha. Fiz hoje para o almoço, é realmente tão bom como a descrição do blog. Para fazer a galette, cozinhei as batatas em meio litro de creme de leite e meio litro de leite, temperei com noz-moscada, pimenta-do-reino e mostarda em pó.

Hambúrguer

200 g de carne moída (patinho)
1 colher (sopa) azeite de oliva
sal e pimenta-do-reino a gosto

- Para o molho
1 colher (sopa) de mostarda dijon
2 colheres (sopa) de creme de leite
1 colher (sopa) de leite
sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de preparo

1. Com as mãos, misture a carne com o azeite, o sal e a pimenta-do-reino e forme uma bolota.
2. Aperte a bolota para formar o hambúrguer.
3. Leve uma frigideira antiaderente ao fogo alto. Regue com óleo e, quando esquentar bem, coloque o hambúrguer para dourar por 6 minutos de cada lado. Se quiser a carne bem passada deixe por mais 2 minutos de cada lado.
4. Retire o hambúrguer da frigideira e coloque no prato sobre as batatas (ver post anterior).
5. Sem lavar a frigideira, adicione todos os ingredientes do molho e leve ao fogo médio. Misture bem para incorporar os sabores da carne (que ficaram na frigideira) e, quando começar a engrossar, regre sobre o hambúrguer.

domingo, 26 de outubro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Milly Lacombe

Desde que comecei a ler a Revista TPM a Coluna do Meio escrita pela Milly Lacombe virou uma das minhas partes favoritas da revista. Toda vez que comprava a revista na banca ia seca ler a coluna e sempre me emocionava com seus textos, sempre sinceros e emocionantes. Esse texto ela escreveu sobre o sobrinho, achei lindo lindo e resolvi compartilhar aqui....


Antonio

Ele tem 12 anos, não dá mordidas de seu hambúrguer pra ninguém, detesta que lambam seu sorvete e não foi feito para usar sapatos nem meias. De seu universo particular, meu sobrinho me enche de amor

Enxerguei Antonio pela primeira vez em Los Angeles. Ele tinha 2 anos e chegou com o irmão para passar o verão comigo. Cabelos praticamente brancos e muito lisos, orpinho parrudo, pele dourada, boca carnuda e vermelha, apareceu, entre várias malas, grudado na calça da mãe com a força dos que temem a imensidão do mundo, ele olhou. “Essa é sua tia, Antonio”, anunciou minha irmã. “Dá um beijo nela.”O pequeno Antonio me mediu de cima a baixo e decidiu que eu não mereceria seu beijo. Para deixar a decisão muito clara, apertando a perna de minha irmã com mais intensidade, escondeu o rosto. Antonio nasceu em São Paulo quando eu estava de mudança ara s Estados Unidos, e só fui vê-lo na maternidade. A vida estava corrida, eu estava trocando de casca e de mundos, e não tive tempo para freqüentar meu segundo sobrinho estabelecer com ele a relação de intimidade que construí com o irmão. Por isso, depois de dois anos longe da pátria e vendo Antonio apenas por fotos, notei que simplesmente não o conhecia: naquela manhã ensolarada e quente de Los Angeles éramos perfeitos estranhos. Sobre Antonio, eu sabia apenas o óbvio: que ele tinha 2 anos, mas tamanho de 4. Como continuou crescendo assustadoramente, sempre gerou alguma confusão. “Ele ainda não sabe ler?”, perguntavam. E os pais tinham que responder: “Ele mal fala. Ele tem 3 anos!”. Rapidamente, percebi que Antonio era um universo próprio: comia como se o mundo fosse terminar o dia seguinte, falava uma língua única, interagia com qualquer americano que cruzasse seu caminho sem se preocupar se estava se fazendo entender e, quando havia festivais étnicos no parque em frente a minha casa, passava as tardes dançando no meio de adultos, olhinhos fechados, como se estivesse em transe e deixando claro que tinha vindo para este mundo a passeio. Ainda assim, nossa relação afetiva era capenga: eu estava viciada nele, e ele mal me enxergava. Como havia feito com seu irmão, tentei conquistá-lo com uma bola, ensinar dribles, estabelecer um sistema de comunicação só nosso. Não colou. Antonio não se interessava pela bola e estava mais ligado nas árvores e flores do parque, no hambúrguer sem queijo,“só pão e carninha”, como deixava claro para a atendente mexicana do McDonald’s, ou em conversar com adultos que jamais o entenderiam, mas que, ainda assim, ficavam fascinados com aquele ser humano mínusculo, de cabelos brancos e boca vermelha, que parecia sempre muito feliz e faminto.

Espírito livre
Quando voltei definitivamente para o Brasil, Antonio já tinha 8 anos.Aos poucos, foi me deixando entrar em sua galáxia. Quando dormíamos juntos, me abraçava como se eu fosse um travesseiro – uma forma de se entrelaçar que não deixa espaço para que nos mexamos. Ainda assim, nossa relação não era como a que eu tinha com seu irmão mais velho. Salvo pelas noites que passávamos juntos quando os pais viajavam, havia, entre Antonio e eu, uma estranha distância, talvez alimentada pela enorme intimidade que sempre tive com o irmão. Por mais que tentasse, não conseguia todos os números da senha de Antonio. Ele era, para mim, um enigma. E, de uma forma engraçada, ainda é.
Antonio não divide comida, não dá gole nem mordida. Se alguém enfiar um garfo em seu prato, pára de comer imediatamente. Nunca gostou de meias ou sapatos e, mais de uma vez, esqueceu seus calçados por aí: a primeira coisa que faz ao chegar em qualquer lugar é tirá-los. Cueca ele passou a usar recentemente, depois de um pequeno acidente escolar que jamais será esquecido. O fato é que Antonio não gosta de nada que o prenda. É um espírito livre. Ama teatro, sorvete de creme, macarrão e Malhação. Detesta brigas, brócolis e discussões. Mas, acima de tudo, adora comida japonesa.Aos 12 anos, calça 42 e freqüenta semanalmente um restaurante japonês. Armado de sua inigualável lábia, sempre convence alguém a levá-lo: o pai, a avó, eu ou até mesmo minha namorada. A verdade inconveniente é que a companhia é o de menos: Antonio senta no balcão e passa horas conversando com os sushimen, que começam a servi-lo sem perguntar o que ele quer, porque Antonio come sempre a mesma coisa. Antonio é um boa-vida e deixa a sensação de que está sempre muito ocupado para se interessar por aquilo que não o interessa. Até hoje, todas as tentativas de dar uma sonora bronca nele – seja porque largou o par de tênis no meio da garagem, porque esqueceu a porta da geladeira aberta, porque comeu cinco pedaços do bolo de chocolate – foram frustradas: Antonio debocha, não se leva a sério e acaba colocando a situação em perspectiva: “Isso importa mesmo? Não podemos ir comer um sushi ou tomar um sorvete?”. Outro dia, no balcão do restaurante japonês, enquanto estava muito ocupado entretendo os
sushimen com caretas e cânticos perguntei se ele já havia ficado chateado alguma vez na vida. “Claro que já”, respondeu. “Agora, por exemplo, porque estou com fome e meu sushi não chega.” Falou isso e continuou a cantar. Mas, quando eu já havia me esquecido da pergunta, me puxou para perto e disse baixinho:“Quando a Nononna morreu”.

Com você meu mundo é mais completo

Ontem, jantei na casa de Antonio. Quando ia embora, ele me pediu para ver o jogo do São Paulo com ele na TV. Como Antonio não liga muito para futebol, entendi aquilo como uma declaração de amor e fiquei. Na hora de sair, dei vários beijos nele e fui indo para a porta.Mas ele me chamou de volta. “Fala, Antonio”, disse,
esperando uma de suas piadas ou um pedido para levá-lo ao restaurante japonês – ele pode perfeitamente comer sushis depois do jantar. Mas não era nada disso. “Eu te amo”, foi o que disse Antonio. Ele tem essa desconcertante capacidade para emocionar. Eu te amo mais, Antonio”, respondi. Mas, como é sempre dele a última palavra, já na porta tive tempo de ouvir: “Impossível”. Às vezes me pego pensando em como seria meu mundo sem Antonio. Eu, naturalmente, teria um pouco mais de dinheiro porque não gastaria tanto em comida japonesa.Mas,sem Antonio, eu, sem a menor sombra de dúvida, não daria tantas risadas, não me sentiria tão amada e não seria tão feliz.

Coluna do Meio por Milly Lacombe [Revista TPM - Agosto 2008]

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Gâteau au Chocolat

Juro que é o melhor Bolo de Chocolate que já comi. Estreia da minha batedeira nova.

Do site da revista Elle à la table


Gâteau au Chocolat

125g de chocolat noir (70% cacao)
4 oeufs
50g de beurre
90g de sucre
1 pincée de sel

Préparez une sorte de mousse au chocolat. Faites fondre le chocolat cassé en morceaux avec le beurre dans une casserole au bain-marie, jusqu’à l’obtention d’une consistance de pommade sirupeuse. Cassez les oeufs en séparant les blancs des jaunes. Battez les blancs en neige ferme, avec une pincée de sel. Fouettez les jaunes avec le sucre jusqu’à ce que la préparation blanchisse. Mêlez cette dernière préparation aux blancs en neige. Incorporez ensuite le mélange chocolat/beurre encore tiède. Préchauffez votre four à th. 6/180°. Beurrez largement le moule à manqué. Versez-y la préparation. Faites cuire 25 mn en vérifiant la cuisson avec la lame d’un couteau. Démoulez à chaud sur une assiette. Poudrez de sucre glace.

domingo, 19 de outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Muffin

Ontem, com muito orgulho e satisfação assei a minha primeira fornada de Muffins! Aproveitei a receita que saiu no jornal Métro de ontem e estrei a minha assadeira de Muffins. Você pode escolher o sabor dos muffins, eu fiz os meus com framboesa e chocolate branco. Ficaram ótimos!

Muffins multi-saveurs

2 1/2 tasses de farine
3/4 tasse de sucre blanc
2 c. thè de poudre à pâte
1c. thè de bicarbonate de soude
1 pincée de sel
1/2 tasse de beurre mou
1 tasse de yogourt nature ou de vanille
2 oeufs
1 c. thè d'essence de vanille
Au choix: 1 1/2 tasse de petit fruit, de chocolat en morceaux ou en pépites, de noix ou de fruits secs

1. Préchauffer le four a 400ºF
2. Mélanger ensemble la farine, le sucre, la poudre à pâte, le bicarbonate de soude et le sel
3. Ajouter le beurre et brasser jusqu'à obtenir une consistance granuleuse
4. Dans un autre bol, mélanger le yogourt, les oeufs, la vanille
5. Ajouter les liquides aux solides. Bien mélanger. Ajouter la garniture
6. Mettre dans des moules à muffins
7. Cuire 20 minutes ou jusqu'a ce qu'un cure-dent piqué dans un muffin en ressorte prope

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Espelho

Esse roteiro, também escrito para a aula do Flavinho, é baseado no conto O Espelho que está nesse livro da Virginia Woolf

O Espelho

CENA 1

Interior da Inglaterra, final do século XIX, exterior dia, em uma ensolarada tarde de verão take de uma grande e luxuosa propriedade, com uma mansão, jardins floridos e fontes. Corta.

CENA 2

Sala de estar, ampla e confortável , decorada com extremo bom gosto e requinte, com tapetes rústicos, lareira de pedra, estantes e armários de laca. A sala parece leve e arejada, a porta que leva para o jardim está aberta, porém há algo de misterioso e obscuro, muito sutil, algo que não é possível perceber a primeira vista. Acompanhamos a cena através de um grande espelho que mostra uma porta que dá para um grande terraço que vai para o jardim e as estufas.

NARRADOR(ESPELHO-OFF): Ninguém deveria deixar espelhos pendurados em casa, assim como não se devem deixar abertos talões de cheque ou cartas que confessam algum crime horroroso.....

(TOCA CAMPAINHA)

CENA 3

Take da porta que leva aos jardins, uma mulher se aproxima, é Isabella Thyson, dona da casa, trajando um vestido leve de verão e um chapéu, não podemos ver direito seu rosto, ela carrega uma cesta com flores que acabou de colher, entra na sala, coloca a cesta em cima da mesa e tira as luvas de jardinagem

ISABELLA(PARA SI): Deve ser o carteiro.....(ATRAVESSA A SALA)
ESPELHO: Ela Isabella Thyson, era rica, era distinta,(ISABELA VOLTA E PARA NA PORTA, OLHANDO PARA O JARDIM), tinha muitos amigos, viajava...assim pois, ali em pé, ela ficou pensando...

CENA 4

Câmera se aproxima da mesa de jantar, Isabela vira-se, mas a câmera não mostra seu rosto, ela olha as cartas e começa a organizá-las sobre a mesa distribui todas ordenadamente depois as observa rondando a mesa, em seguida uma a uma, ela abre, lê e rasga o envelope

ESPELHO: Sem formular nenhuma idéia precisa – porque era uma dessas pessoas cujas mentes tem pensamentos enredados em nuvens de silêncio, todo o seu ser era banhado pela nuvem de algum conhecimento profundo, algum lamento não expresso seu modo mais profundo de ser é que se queria captar e converter em palavras, o que se chama de felicidade ou infelicidade era preciso imaginar...ela se via cheia de gavetas trancadas, recheadas de cartas como seus armários.....

CENA 5

Parede com os armários. Isabella abre todas as portas, em seu interior os armários são organizados, tudo ocupa o seu devido lugar, há muitas gavetas e nas prateleiras há livros, Isabella abre algumas das gavetas, tira maços de cartas que estão amarrados em barbante junto a um ramo de lavanda, ela coloca sobre a mesa papel de carta, tinteiro e pena, depois coloca dentro de uma das gavetas o maço de cartas que acabou de fazer.

ESPELHO: ...alguém que tivesse a audácia de abrir uma gaveta para ler suas cartas encontraria vestígios de agitação sem conta, de compromissos a manter, de exprobrações por o não ter feito, longas cartas de intimidade e afeição, cartas violentas de ciúme e censura, terríveis palavras finais de despedida – pois nenhum daqueles encontros e combinações de encontros levara a nada.

CENA 6

Isabela senta e prepara-se para responder as correspondências, tenta algumas vezes e não consegue, levanta subitamente de frente para espelho, causando-lhe um sobressalto, revela-se uma mulher com as marcas do tempo, por volta dos seus 50 anos, solitária, close em seu rosto, close nos olhos que estão com uma expressão duvidosa, mistura de ternura e tédio.

ESPELHO: Que espetáculo fascinante! Isabela era completamente vazia, não tinha idéias, não tinha amigos, não se importava com ninguém. Via-se nisso que ela ali se plantava anguloso e idosa, enrugada e veiada, com seu nariz empinado e estrias pelo pescoço. Ninguém deveria deixar espelhos pendurados dentro de casa.

Alice no país das maravilhas

Eu adaptei essa passagem da Alice para a aula de roteiro do Flavinho quando estava na faculdade. O Marimbondo de Peruca é um trecho que o Lewis Caroll excluiu da versão original da história que eu achei bem interessante, chegamos a gravar esse roteiro mas infelismente não tenho em DVD.

Alice no País das Maravilhas - “O Marimbondo de Peruca”


CENA 1
Exterior dia, Alice estava prestes a saltar pelo riacho quando ouviu um suspiro que parecia vir pelo bosque.

ALICE(OLHANDO AFLITA PARA TRAS) Há alguém muito infeliz ali.

Alice vê algo parecido com um homem muito velho, seu rosto parecia com o de um marimbondo, estava sentado no chão, apoiado contra uma árvore, todo encolhido e tremendo como se sentisse muito frio.

ALICE: Não acho que posso ajuda-lo em coisa alguma...(VIRA-SE PARA SALTAR O RIACHO), mas só vou lhe perguntar qual é o problema...(DETENDO-SE QUASE NA BEIRADA), uma vez que eu tenha saltado, tudo vai mudar, e não vou poder mais ajudá-lo.

CENA 2

Alice se aproxima do Marimbondo

MARIMBONDO(MURMURANDO): Ai, meus velhos ossos, meus velhos ossos!

ALICE(FALA PARA SI): É reumatismo, me parece...(INCLINA-SE SOBRE ELE), não está com muitas dores, espero?

MARIMBONDO(DANDO OS OMBROS E VIRANDO O ROSTO PARA O OUTRO LADO): Ah, pobre de mim!

ALICE: Posso fazer alguma coisa pelo senhor? Não está muito exposto ao frio aqui?
MARIMBONDO(IRRITADO): Quanto embaraço! Com a breca, com a breca! Nunca houve uma criança como esta!

ALICE(BASTANTE OFENDIDA, SE AFASTA E PENSA): Talvez seja apenas a dor que o deixa rabugento...(SE APROXIMA DE NOVO). Não quer deixar que o ajude a passar para o outro lado? Vai estar protegido contra o vento frio ali.

MARIMBONDO(PEGA NO BRAÇO DE ALICE E DEIXA QUE ELA AJUDE A FAZER A VOLTA DA ARVORE, QUANDO SOSSEGOU DE NOVO DISSE COMO ANTES): Com a breca, com a breca! Não pode deixar uma pessoa em paz?

ALICE(PEGANDO UM JORNAL QUE ESTAVA JOGADO NO CHÃO):
Gostaria que eu lesse para o senhor um pedacinho disto?

MARIMBONDO(MAL-HUMORADO): Pode ler se estiver disposta. Ninguém está lhe impedindo, que eu saiba.

ALICE(SENTA AO SEU LADO, ABRE O JORNAL SOBRE OS JOELHOS E COMEÇA A LER): Últimas notícias. O grupo Explorador realizou outra expedição a Despensa e descobriu cinco novos torrões de açúcar branco, grandes e em excelentes condições. Ao retornar...

MARIMBONDO(INTERROMPENDO): Algum açúcar mascavo?

ALICE: Não. Não diz nada sobre mascavo.

MARIMBONDO(RESMUNGANDO): Nenhum açúcar mascavo! Belo grupo explorador!

ALICE(RETOMANDO): Ao retornar, descobriram um lago de melado. As margens do lago eram azuis e brancas, e pareciam louça. Enquanto experimentavam o melado, sofreram um triste acidente: dois membros do grupo foram engolfados....

MARIMBONDO(ZANGADO): Foram o quê?

ALICE: En-gol-fa-dos

MARIMBONDO: Não existe essa palavra na língua!

ALICE(TIMIDAMENTE): Mas está nesse jornal...

MARIMBONDO(IRRITADO, VIRANDO A CABEÇA): Vamos para por aqui!

ALICE(LARGANDO O JORNAL, EM UM TOM APAZIGADOR): receio que não esteja bem, não há alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?

MARIMBONDO(MAIS SUAVE): É tudo por causa da peruca

ALICE(SATISFEITA DE VER QUE ELE ESTAVE SE ACALMANDO): Por causa da peruca?

MARIMBONDO: Você seria rabugenta também, se tivesse uma peruca como a minha. Eles amola a gente. Chateia a gente. E então a gente ficamos tiririca. E com frio. E ficamos debaixo de uma árvore. E pegar um lenço amarelo. E amarrar na cara...como agora.

ALICE(COMOVIDA): Amarrar o rosto é muito bom para dor de dente.

MARIMBONDO: É muito bom para a presunção.

ALICE(SEM ENTENDER): É uma espécie de dor de dente?

MARIMBONDO(APÓS REFLETIR UM POUCO): Bem, não, é quando você fica de cabeça erguida – assim sem curvar o pescoço.

ALICE: O senhor quer dizer torcicolo?

MARIMBONDO: Esse é um nome criado agora. No meu tempo isso era chamado presunção. Presunção não é doença de maneira alguma...É sim, espere até sofrer dela, e vai ver. E quando você a pegar, pelo menos experimente usar um lenço amarelo enrolado na cara. Vai curá-la num instante!

Enquanto o marimbondo fala seu lenço desmorona e Alice olha para sua peruca com grande surpresa. Era um amarelo vivo, como o lenço e estava toda emaranhada e despencando por todos os lados como um monte de algas marinhas.

ALICE: poderia deixar sua peruca muito mais arrumada, se pelo menos tentasse adoçar esse cabelo.

MARIMBONDO(COM INTERESSE): Ora você é uma abelha, não é? E você tem um favo. Muito mel?

ALICE: Não estou falando de mel, mas de pente. É para pentear seu cabelo....sua peruca está tão desgrenhada, sabe.

MARIMBONDO:Vou lhe contar como passei a usá-la. Quando era jovem, sabe, os anéis dos meus cabelos espiralavam

ALICE(COM POLIDEZ): O senhor se importaria de contá-la em versos?

MARIMBONDO: Não é o que eu estou acostumado a fazer, de todo modo vou tentar, espere um pouquinho(SILÊNCIO POR ALGUNS INSTANTES)

CENA 3
O Marimbondo recita o poema e Alice observa

MARIMBONDO:

Quando eu era jovem, meus anéis ondulavam
E se encaracolavam e se encrespavam
Então me diziam: “Raspe esta juba indomável
E use uma peruca amarela apresentável”

Mas quando finalmente segui esse preceito,
E os que me cercavam perceberam o efeito,
Disseram que não, que aquilo não lhes agradava
Nem de longe tanto como antes se esperava.

Afirmaram que por certo não me caía bem,
Que me tornava feio, feio como ninguém:
Mas, diga-me, que podia eu fazer agora?
Meus cachos aviam para sempre ido embora.

E assim, hoje, que estou velho e cansado,
Sem mais cabelo, só tendo passado,
Arrancaram de mim a peruca, zombando:
“Como pode usar este objeto nefando?”

E mais, sempre que mostro um pouco,
Eles me vaiam, apupam e gritam “Porco!”
E assim foi que caí numa enorme esparrela,
Tudo por causa de uma peruca amarela.

ALICE: Sinto muito pelo senhor. E acho que se sua peruca se ajustasse um pouco melhor não iriam caçoar tanto.

MARIMBONDO(MURMURANDO): A sua peruca se ajusta muito bem(COM ADMIRAÇÃO), é por causa do formato da sua cabeça. Mas seus maxilares não são bem conformados...eu diria que você não consegue morder bem, não é?

ALICE(RINDO): consigo morder qualquer coisa que queira.

MARIMBONDO: Não com uma boca assim tão pequena. Se estivesse lutando, ora...seria capaz de agarrar o outro pela nuca?

ALICE: Acho que não

MARIMBONDO: Bem, é porque seus maxilares são curtos demais. (TIRANDO A PERUCA E ESTICANDO COM UMA DAS PATAS A ALICE QUE RECUA)Mas o cocuruto da sua cabeça é bem feito e redondo. Depois, seus olhos...estão na frente demais, sem duvida. Dá no mesmo ter um ou dois, se é para se tê-los tão perto um do outro...

ALICE(INCOMODADA COM TANTOS COMENTÁRIOS PESSOAIS): Penso que devo ir embora agora. Até logo.

MARIMBONDO: Até logo, e obrigado.