segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Livros

Desde que eu me começo por gente tenho uma relação muito próxima com os meus livros. Quando eu era criança, ia com os meus pais até o aeroporto de Congonhas no sábado à noite esperar o jornal de domingo chegar na Laselva, eu ficava sentada no chão entretida com os gibis e com os livros para crianças.
Ir à Livraria sempre foi um programa de família, íamos sempre e ficávamos horas por lá e sempre na hora de pagar meu pai me perguntava se eu queria levar alguma coisa e eu claro sempre achava algum livro interessante que me despertasse a vontade de ler.
Lembro da minha mãe lendo para mim antes de dormir, lembro de sempre escolher a história mais longa para ficar mais tempo acordada, hoje penso na minha mãe e na sua enorme paciência para contar inúmeras vezes as mesmas histórias.
Quando eu entrei na faculdade e comecei a virar gente que sabe mais ou menos do que gosta lembro que meu pai falou que eu deveria começar a fazer a minha biblioteca e eu ouvi seu conselho, a cada semestre selecionava os livros da bibliografia de cada matéria que eu gostaria de ter e assim pouco a pouco fui montando a minha seleção de livros de comunicação e artes. Aí decidi que queria fazer francês e lá fui eu me matricular na Aliança, assim começou uma nova etapa da biblioteca com gramáticas, dicionários e livros em francês. Depois veio o meu interesse repentino por gastronomia e outra leva(grande) de livros.
E a minha biblioteca crescia e eu tinha orgulho quando olhava para estante toda arrumada por temas e tamanhos, as vezes ficava passando o olho pelos livros só para ver se eu lembrava da história de cada um deles.
Mas aí veio a minha decisão de ir para o Canadá e a impossibilidade de levar todos os livros para lá e veio o luto...Meu Deus como vou ficar sem meus livros? A princípio pensei, imagina vou vender no sebo? Não vendo, não dou, ninguém tasca nos meus livros. Isso durou bem pouco e logo vi que o melhor seria mesmo passá-los à diante. Dei alguns para amigos, o que me fez sentir uma grande satisfação por saber que mais alguém iria ler aquele livro dado com carinho e selecionado como presente a dedo, outros eu vendi no sebo, o que não me deu satisfação, mas me trouxe alguns reais.
Na minha festa de aniversário, ainda tinha muitos livros que pretendia dispor, então cada um dos meus amigos selecionou livros que queria levar para casa e todos saíram daqui com livros debaixo do braço.
Ver aqueles livros indo embora me deu um enorme prazer e felicidade, meu luto por ter que deixar meus livros terminou ao ver os meus livros queridos sendo levados por amigos que são ainda mais querido e por saber que serão lidos novamente e queridos por um novo dono.
Então aos meus livros eu desejo muitos novos leitores pois como escreveu Castro Alves

Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto -
As almas buscam beber...
(...)
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva --que faz o mar.

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