segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Amélia que era mulher de verdade


A promessa das máquinas


Filhos não são autocriantes, louças não são autolimpantes e roupas não são autoguardantes. Era tudo balela dos Jetsons e dos Robinsons

Eu tinha duas famílias prediletas, ambas do futuro: os Jetsons, de um desenho animado, e os Robinsons, do seriado Perdidos no Espaço. Achava-se que acabaríamos usando macacões prateados colados ao corpo e botinhas que finalizavam essa espécie de malha unissex. Era década de 60 e na televisão o porvir era representado igual ao presente, mudando só o figurino. Os homens ainda trabalhariam fora, enquanto as mulheres cuidariam do lar, mas haveria um atenuante: os robôs. Os Robinsons tinham um exemplar macho e os Jetsons tinham Rosie, uma eficiente empregada automática.

Todos conhecemos a imagem clássica da dona de casa da época: cabelo duro de laquê, vestido acinturado, seios espetados e um sorriso no rosto enquanto segura, sem esforço nenhum, seu aspirador de pó. Representante de um novo tipo de nobreza ao alcance da classe média, ela tem suas máquinas. Não lida mais com trapos e vassouras, a sujeira é aspirada. Ela não cozinha mais, aciona mixers, fritadeiras, grills. Suores e outros detritos são problema de sua máquina de lavar e os calos nos joelhos ficarão por conta da enceradeira.

O cotidiano doméstico lembra o trabalho do pobre Sísifo, empurrando a pedra montanha acima para em seguida vê-la despencar, retomando a tarefa infinitas vezes. Lava-se e arruma-se o que, na seqüência, será sujo e esparramado, cozinha-se o que será imediatamente devorado. O sorriso na cara das senhoras das propagandas e dos meus seriados favoritos, seu inalterável humor de Noviça Rebelde, ficava por conta de um engano, seriam liberadas do trabalho doméstico. Lamento dizer: a promessa de Rosie não se cumpriu.

Sorriso congelado, só de miss

Fornos não são verdadeiramente autolimpantes, louça e roupas não são autoguardantes, o ferro elétrico continua exigindo manobras humanas e, principalmente, filhos não são autocriantes. Nem o produto químico mais incrível vai ajudar a sorridente moça do comercial a abstrair que ela está limpando uma patente. A formação de uma família inclui um sem-número de atividades que têm que ser executadas pessoalmente, as quais sabemos que, se não as desempenharmos, pagaremos caro por isso, pelo menos com a culpa. A tarefa de convencer as mulheres dos encantos do lar incluiu um grande engano: vocês nunca mais se sujarão para limpar, nunca mais se cansarão. Balela, a fome e o caos não cansam de retornar.

Não me venham exigir esse sorriso congelado de miss, de atleta de nado sincronizado, enquanto corto cebola. Ser mulher continua dando um trabalho cotidiano sem glória nem memória, do qual saímos com a sensação de não ter feito mais que a obrigação. No dia seguinte, a sujeira, a bagunça e as incessantes necessidades dos filhos levarão tudo à estaca zero. Sísifo.

Por isso, aos ainda poucos e maravilhosos homens que começaram a dividir conosco esse campo de trabalhos forçados a que chamamos lar, as boas-vindas. A dois fica um pouco menos penoso. Pensando bem, isso é ainda melhor do que a Rosie.

Diana Corso, No Divã - [Revista TPM, Novembro 2008]

A nova moda entre solteiros de Rio e SP: contratar ''esposa de aluguel''

Cresce número de mulheres que ganham dinheiro cuidando de casas alheias; serviços vão de botão a bolo

O anúncio é direto. "Você é solteiro? Sua vida está uma bagunça? Você não precisa de uma esposa, precisa de mim." É assim que Cristiane Passos, carioca de 31 anos, oferece seus préstimos de dona de casa prendada, dessas que se esmeram em pregar botão e fazem bolos em fôrma furada. Ela descobriu uma forma de ganhar dinheiro ao preencher uma lacuna nos lares: a falta de tempo - ou paciência - para cuidados domésticos. Como ela, outras mulheres têm oferecido o serviço sob nomes variados - consultora do lar, governanta por um dia ou, como ela prefere, esposa de aluguel.

"O solteiro não tem quem cuide dele, quem veja que as cuecas estão furadinhas! Se deixar, dormem semanas com o mesmo lençol, em cima de farelos...", diz Cristiane, que se transforma em esposa de aluguel após as 17 horas, quando sai da empresa de manutenção de aeronaves onde trabalha. "Apresento as soluções mais baratas. Falo: Olha, suas toalhas estão horríveis? Aí, compro e apresento a nota." Com R$ 130, faz refeições para o mês todo.

Carlos, Leandro, Douglas - os "maridos" - não reclamam. "Eu diria que ela é uma mulher à moda antiga, mas o serviço é à moda moderna", diz o pesquisador Carlos Bevilacqua, de 40 anos, que mora só e contratou a esposa de aluguel há um ano. "Como todo homem, não tenho tempo nem paciência para cuidar da casa. Mas gosto de ver tudo arrumado." E também de ser surpreendido. "Lembro a primeira vez que abri a geladeira e vi um bolo lá dentro. Eu nem tinha pedido!" Ele prefere que Cristiane se encarregue pessoalmente da limpeza. Em outras casas, ela terceiriza essa parte e só fiscaliza.

E que ninguém confunda os papéis. É que alguns perguntam se estão incluídas "todas" as atribuições de esposa. Educadamente, ela diz que não. E nada de discutir relação."Sou esposa, mas sem os problemas de um relacionamento", avisa ela, que é separada. "Costumo dizer: quando a mulher faz tudo isso de bom grado, não tem valor. Se pagarem, valorizam." Tanta dedicação tem preço, de acordo com a exigência do "marido". "Mas não saio de casa por menos de R$ 50."

SAUDOSA

Nada escapa aos olhos de Emiliana Spínola, de 51 anos, quando entra na casa de alguém pela primeira vez. Museóloga por formação e viúva saudosa dos tempos em que vivia de avental pela casa de 14 cômodos, ela dedica-se ao serviço batizado por ela de "governanta por um dia". Em São Paulo, é procurada por famílias que se mudam para um apartamento menor e por quem não consegue cuidar da casa. Ao custo de R$ 35 a hora.

Antes de aceitar qualquer trabalho, ela entrevista todos da casa. "Preciso conhecer todos os hábitos dos moradores, até as preferências esportivas e religiosas", diz Emiliana, para em seguida desfiar miudezas que escapam à vida atribulada dos clientes: "Sabe o interruptor de luz? É muito comum as pessoas não limparem. E o puxador do armário da cozinha? Sempre sujo..."

Também em São Paulo, a "consultora do lar" Margarete Pereira, de 41, atende a telefonemas de maridos desesperados com a falta de noção doméstica das esposas, mais preocupadas com a carreira. E ela se apressa em dizer: "Tem um pouco de machismo. Mesmo que os homens não saibam cuidar da casa, eles esperam que nós saibamos. Pensam que a gente já nasceu com isso", diz Margarete, cuja hora - seja para organizar um armário ou levar um cachorro ao pet shop - vale R$ 60.

"Outro dia, um marido entrou em contato dizendo que não agüentava mais as reclamações da esposa sobre a empregada." E lá vai Margarete ensinar as funcionárias a usar os produtos. As esposas dificilmente se interessam em aprender. "Muitas não sabem nem um truquezinho. Aceitam que se gaste 12 tubos de detergente por mês!"

Segundo a professora da USP Eni de Mesquita Samara, doutora em História Social, o perfil da mulher em relação à casa começou a mudar entre o fim do século 18 e o início do 19. "As mulheres hoje se preocupam mais com a vida profissional. Já os homens continuam no papel tradicional, preocupados com a vida fora de casa. Criou-se uma lacuna." Eni diz que as pessoas continuam a se importar com a vida doméstica. "E agora, com a falta de alguém que se dedique a isso, o cuidado com a casa ganhou outro papel. Terceirizar é um caminho."

A própria Margarete é um exemplo de mulher mais preocupada com a vida profissional. Apesar de treinar domésticas, os cursos de copeira, etiqueta e governança a tornaram exigente a ponto de preferir não ter empregada. "Tenho de cuidar da casa dos outros e da minha sozinha." Ela não se vê como dona de casa dedicada. "Meu marido até poderia reclamar: estou tão focada no trabalho que minha casa está um caos!"

Mariana Faraco - O Estado de São Paulo

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O café que virou hambúrger


Esperando que em breve os encontros sejam por aqui....

domingo, 16 de novembro de 2008

"Aqui é um caldeirão de transformação"

Dóris Bicudo, Direto da Fonte - [O Estado de São Paulo, 16.11.2008]

Assim a monja Coen vê o Brasil, com seu olhar de budista. “Para mudar o mundo, basta prestar atenção no outro”, diz

A vontade de transformar o mundo tomou corpo nos anos 60, quando a jovem e rebelde Cláudia Batista de Souza, então repórter do Jornal da Tarde, foi saber como funcionavam as sociedades alternativas. Dali para a frente, ela viveu várias experiências - uma vida boêmia, da qual guarda uma cicatriz na orelha, por conta de um acidente com um Fusquinha. Uma temporada em Londres, onde se envolveu com drogas. Depois, ela namorou, casou e teve uma filha.
Corta a cena. Entra monja Coen, uma mulher de 60 anos, ainda com vontade de transformar o mundo, mas de outra maneira. Ordenada em 1983, no Japão, depois de iniciar seus estudos budistas no Zen Center of Los Angeles, ela fundou a Comunidade Zen Budista, em São Paulo. Foi também a primeira mulher de origem não japonesa a presidir a Federação das Seitas Budistas do Brasil.


Nosso encontro ocorreu no templo onde ela mora, no Pacaembu. E é de lá, ou de qualquer outro lugar, avisa ela, que pode acontecer a transformação que queremos para o planeta. Como? “Basta querer e prestar atenção no outro.” E é justamente por seus projetos para a paz, a justiça e a cura da Terra e dos seres vivos que monja Coen é uma das indicadas para o Prêmio Trip Transformadores, que sai nesta terça-feira.


Como a crise atual aumentou o interesse de executivos pelo templo? Tem havido sim. Temos alguns empresários que freqüentam a comunidade e um deles sugeriu que a gente faça um encontro falando sobre essa visão budista das coisas, de que não é preciso esse excesso de estresse. Se perdermos, perdemos. Por que não? Podemos ganhar depois. Porque tudo é passageiro. Quando temos, nos alegramos por ter. Quando perdemos, podemos nos entristecer, mas nos preparar para ganhar adiante. Tudo na vida é transformação.


O que significa, para a senhora, a vitória de Barack Obama nos Estados Unidos?
Celebro com muita alegria, no sentido de que foi uma confiança na democracia. Se pensarmos que há cerca de 50 anos os negros não tinham acesso aos lugares, não podiam sentar nos ônibus e que hoje temos um presidente mestiço... E com uma carinha de brasileiro, que até parece estranho ele falar inglês.


Este momento já seria um processo de transformação? O que está mudando é o que eu chamo de nosso modelo mental. Acredito que o nosso instinto de sobrevivência é maior. Por conta disso, muitos de nós já percebemos que essa é a nossa casa comum e para que possamos sobreviver com saúde temos de cuidar do nosso quintal. Eu vejo uma possibilidade muito grande da transformação para patamares de consciência mais elevados, mais profundos. Uma visão que transcende partidos políticos e sistemas econômicos.


Nós, brasileiros, podemos ser exemplo desse novo tempo? Somos. Aqui é um caldeirão de transformação. Nossa sexualidade mais exacerbada nos levou a uma miscigenação mais fácil. O fato de que eu gero em mim filhos, que são de etnias diferentes, acho uma vantagem. E tem outro aspecto muito interessante, o de não termos tido muitas guerras. Temos violência urbana, sim, mas se a gente pensar na violência urbana relacionada com o que é guerra, somos um povo de paz. A gente vê no mundo um levantamento de pessoas, um pensamento de construção de paz muito grande.


Vale como um alento... É. Se a gente pensar que Hiroshima foi completamente arrasada e hoje é uma cidade belíssima, com jovens descendentes dessa coisa medonha, brilhando em vida! E eu acredito na vida. E está acontecendo uma mudança muito positiva. É que essas coisas que são muito bonitas não são divulgadas. É claro que o fato de um menino pôr uma bomba no corpo e se atirar sobre outras pessoas para matar impressiona tanto que dá manchete de jornal. No entanto, acho positivo a violência ainda nos chocar. Sinal de que a vida se renova incessantemente e de que não somos tão poderosos quanto achamos. Temos uma inteligência e uma capacidade de compreensão um pouco diferenciada dos outros animais.


Estamos a caminho de ter um budismo brasileiro? Ele está surgindo. Nós temos aqui três grupos que cresceram muito, que são a Seicho-no-Ie, a Messiânica e o Perfect Liberty. E essas correntes têm um certo sincretismo religioso entre budismo, xintoísmo - que é uma religião originária do Japão - e o cristianismo.


Acredita que pode haver uma miscigenação com o candomblé ou a umbanda?
Tenho esperanças de que possamos manter as tradições. Embora as pessoas em suas casas e em seus corações possam seguir grupos diferentes, acho que cada uma tem uma característica importante, particular e sua. Seria mais interessante que não se misturassem.


Qual é o papel da mulher no budismo? Muito importante. Os primeiros monásticos japoneses foram mulheres. Só depois é que se tornou uma tradição masculina. Durante a 2ª Guerra, quando muitos homens morreram, as monjas, que antes só serviam para cozinhar, lavar roupa e servir o chá, precisaram fazer enterros, celebrar casamentos. Uma situação real criou a mudança. Próximo do que está acontecendo no mundo: nós temos uma transformação importante no papel das mulheres dentro da sociedade.


Pode-se dizer que a senhora é uma feminista? Não sei se sou feminista. Acredito que temos de caminhar juntos, homens e mulheres, mas não somos iguais. Definitivamente, não somos! Em português, plural de homens e mulheres é homens. Desde quando? As mulheres entraram no mercado não porque elas gritaram que queriam trabalhar. Houve uma necessidade social, política e econômica. Estamos vivendo e fazendo essa história lado a lado.


E a família? O conceito de “minha família” é uma coisa retrógrada. A nossa família é a família humana. E quando nós percebemos isso, passamos a ser “cuidadores”. A vida da minha filha, por exemplo, é muito diferente da minha. Ela está vivendo aquilo que pode viver neste momento. Quando mais nova, me questionava muito e me acusava de tê-la abandonado. No nosso caso, uma saudade muito grande faz parte do nosso relacionamento.


Construir em silêncio, é esse o segredo?
Sim, caminhar em silêncio. É o bem que a gente faz e que quase ninguém percebe. Porque aquele que não está nos vendo é um ser humano como nós. No momento em que incluirmos aquele que nos exclui há uma transformação. É meio mágico isso. É como disse Mahatma Gandhi: “Se você não é capaz de amar aqueles que aparentemente são os seus inimigos, não vai dar certo.” Não quero convencer o outro de que “só o meu caminho salva”. Entendo quando novos grupos falam isso porque nossos grupos, quando foram novos, há milênios, falaram coisas semelhantes.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Les Québécois travaillent moins

Jean-Michel Nahas, Le Journal de Montréal - [10 de novembro de 2008]

La semaine de 40 heures n’a plus la cote. Fini aussi le traditionnel 9 à 5 à longueur d’année. Les employés québécois veulent des horaires plus souples pour voyager, s’amuser et voir grandir leurs enfants.

«Avant, tu paraissais bien si tu faisais 80 heures, ce n’est plus le cas. C’est le choc des cultures », lance Jean-Claude Gagné, consultant à la Banque de développement du Canada.
Le nombre d’heures travaillées est en baisse constante dans la Belle Province. En 1976, les Québécois bossaient 39 heures par semaine. L’an dernier, ce chiffre a chuté à 35, soit la plus faible moyenne au pays, selon des données de l’Institut de la statistique du Québec. Semaine de quatre ou même trois jours, congés prolongés, travail à domicile : les employés réclament désormais des conditions très avantageuses.
«Les demandes du genre sont de plus en plus grandes. C’est dans l’air», souligne Diane Gabrielle Tremblay, professeure de ressources humaines à la TÉLUQ.
De fait, 28 % des Québécois soufflent davantage grâce à une semaine de boulot moins chargée – entre 29 heures et 36,5 heures hebdomadaires -, selon Statistique Canada. En comparaison, à peine 15 % des Albertains profitent d’un tel privilège.

Flexibilité

Une récente étude de la firme Hewitt et Associés conclut aussi que la flexibilité de l’horaire vient au premier rang des préoccupations des travailleurs au pays.
Les employés issus des générations X et Y seraient-ils fainéants?
«Non, tranche Jean-Claude Gagné. Mais les baby-boomers ont été élevés à la réussite. Ils comprennent mal que les plus jeunes disent : Je fais moins d’heures mais je suis heureux.

«Qualité de vie»

Tout indique que la qualité de vie est désormais aussi importante, sinon plus, que les réalisations professionnelles.
«Quand je n’avais pas d’enfants, je travaillais plus de 60 heures par semaine. Je ne pouvais plus continuer à ce rythme, j’étais beaucoup plus stressée », confie Laure Waridel, 35 ans, qui s’est donnée corps et âme pour fonder l’organisme Équiterre avant de se convertir en travailleuse autonome, diminuant de presque la moitié ses heures d’ouvrage.
«C’est beaucoup plus la norme de voir des gens qui ont des projets personnels et qui ne vivent plus uniquement pour le travail », relate pour sa part Sylvain Vincent, associé directeur pour l’est du Canada chez Ernst & Young.

Phénomène mondial ?

La conciliation grandissante entre le travail, la famille et les loisirs est aussi très en vogue ailleurs dans le monde.
D’après Diane-Gabrielle Tremblay, l’Angleterre, les Pays-Bas et un État d’Australie contraignent les entreprises à accorder la semaine de quatre jours à tous les travailleurs qui en font la demande, en autant que ceux-ci aient un motif valable.
Selon le ministère du Travail, aucun programme du genre n’est dans l’air au Québec.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Alma Boa De Montreal

A pessoa que eu quero agradecer provavelmente não vai ler esse post, mas fica a intenção...Ontem depois do meu treinamento foi na American Eagle Outfiters comprar um segunda leva de roupas para trabalhar(a Indigo.Chapters tem um código de vestuário bastante rígido e um pouco chato, que vai desde blusas, saias, calças até os sapatos, cabelo e acessórios). Sai da loja toda prosa e fui até a Indigo comprar um livro e tomar um café(eles tem um café super bacana na Indigo da McGill todo orgânico e natureba), peguei meu livro, tomei um café dei uma folheada na Vanity Fair peguei minhas coisas e fui para o caixa pagar, estava toda feliz por usar pela primeira vez meu super cartão(diga-se o cartão que pode ser o fim do meu salário todos os meses e que deve ficar em casa na gaveta), sai da loja já pensando no que iria cozinhar p/ o jantar e pensando como a temperatura estava agradável, já estava quase no metrô quando recebi um ligação da minha futura roommate me convidando para jantar num restaurante português eu já estava aceitando o convite, quando me dei conta que...tinha esquecido a sacola com as roupas na livraria, aí foi aquele desespero, Ai Meu Deus acabei de gastar uma grana com essas roupas!! Entrei na loja como um foguete, fui no café perguntei se alguém tinha entregado uma sacola azul com roupas dentro, nada, ninguém tinha encontrado, fui no achados e perdidos e nada da minha sacola, já estava me conformando com a perda das roupas de trabalho e com alguns muitos dólares gastos à toa quando pensei em perguntar no caixa se alguém tinha achado a minha sacola, tive que esperar minutos que pareceram uma eternidade para um caixa ficar livre perguntei se alguém tinha encontrado uma sacola azul com roupas dentro e mocinha ficou me olhando, e eu pensando lá se vai a minha última gota de esperança, até que ela vira para mim com toda a calma do mundo(juro que não sei da onde os canadenses tiram essa calma, sério, ou eu que sou uma paulistana da gema e nunca vou relaxar do meu stress), acabaram de deixar aqui e me entregou a sacola...agradeci de todas as formas que eu conhecia e depois pensei que ainda existem almas boas nesse mundo. Então como essa santa alma tinha salvo a minha noite e o meu cartão de crédito resolvi aceitar o convite da minha roommate to be e fui jantar no Doval onde comi um carneiro na grelha delicioso, depois para a sobremesa fomos num Bar à Chocolat maravilhoso.

Chez Doval
150 Marie-Anne, Est
514.843.3390

Juliette&Chocolat
1615 St-Denis
514.287.3555

377 Laurier Ouest
514.510.5651

Paris Toujours

Ando com uma saudade tão grande de Paris esses dias....


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Chico Buarque é um chato

“Eu acho o Chico Buarque um horror, um equívoco, um chato, um parnasiano. O Olavo Bilac é muito mais moderno que ele. Ele faz uma música anêmica, sem energia, sem vivacidade, parece que precisa tomar soro. A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar uma meia.”

Tenho certeza que a grande maioria das mulheres brasileiras não concordam com você, Lobão.


1 Mês

Ontem completei meu primeiro mês de Canadá, e não poderia ter comemorado de forma melhor, assinei meu contrato com a Chapters. Estava em êxtase, muito feliz. Para comemorar sai toda prosa para experimentar um bistrô francês que parecia muito charmoso pela internet e que não me decepcionou.

Justine - Bistrô à Vin

4517 rue St-Denis
514.287.2552
Métro: Mont-Royal

terça-feira, 4 de novembro de 2008

De Emma à Amy

O maior problema de Emma Bovary, a protagonista do romance de Flaubert publicado há 151 anos, não é o marido, Charles, mas o tédio – tédio que ele representa à perfeição. Como um poeta romântico, ou como o próprio Flaubert, Emma queria uma vida mais imprevisível e vibrante, uma existência que não se resumisse ao papel social da esposa-mãe. Seu problema não é ser submissa ou não; é ter uma existência menos rotineira e estereotipada. Amy Winehouse em quase tudo parece ser o oposto de Emma, mas, lendo a biografia de Chas Newkey-Burden recém-lançada (Globo, tradução Helena Londres), lá está ele, o tédio, de novo: “Houve ocasiões em que aprontei na televisão e já apareci bêbada porque estava entediada.”

De Emma a Amy, a vida das mulheres passou pelas maiores transformações; elas, que sempre foram tão mais perspicazes que os homens, avançaram muito. Mas nem tudo mudou. Quando lemos sobre grandes mulheres modernas como Lou Andreas Salomé, Coco Chanel ou Gala, encontramos dilemas muito parecidos sob modos de vida que chocariam Madame Bovary – ou a nossa Capitu. Sim, porque Dom Casmurro é como se fosse a história de Flaubert contada por Charles, o marido que não entende o que sentem as mulheres por baixo de sua dissimulação e obliqüidade. Sua vaidade de filhinho carola o impede de encarar, mais do que a provável traição com Escobar, o mundo interior que ela tem a revelar, o mar de experiências e sensações que aqueles olhos sugerem.

Hoje, ao ver as moças vestidas com roupas poderosas e óculos que cobrem meio rosto e dirigindo carrões SUV como se atravessassem Kosovo no auge da guerra, num primeiro momento Emma e Capitu talvez pensassem que seu triste fim não foi em vão. No segundo momento, perceberiam que o equilíbrio entre praticidade e aventura não é tão sólido assim. Pois o tédio também mudou de forma, ou multiplicou as suas. O que antes era cobrança para ser a estável dona de casa é agora uma miríade de pressões para que seja bem-sucedida, fashion, magra, bem informada, sexy, independente e... a estável dona de casa. Aí estão os comerciais de margarina que não me deixam mentir.

Não foi diferente com mulheres brasileiras modernas, responsáveis por abrir caminhos muito importantes. Quando lemos as memórias de Danuza Leão ou a biografia de Leila Diniz por Joaquim Ferreira dos Santos, que acaba de ser publicada (coleção Perfis Brasileiros, Companhia das Letras), vemos que sua atitude libertária contrasta com seus amores doídos e, mais importante, com a própria insistência em fazer sua vida girar em torno dos homens o tempo todo, até mesmo em prejuízo das carreiras. Veja a vulnerabilidade de outra libertária da contracultura, Eddie Sedgwick, a amiga chique de Warhol (Sienna Miller no filme Factory Girl), tão descolada e drogada quanto Amy.

Há certa ingenuidade nessa angústia; por mais conscientes que as mulheres sejam de como eles podem ser bobos (e de como elas mesmas podem ser chatas), continuam a se projetar em ideais. A sensação que tenho às vezes é a de que todas – mesmo as que reúnem em boas doses essas supostas qualidades – sonham ser a Angelina Jolie, a princesa que casou com o príncipe Brad Pitt. Rita Hayworth notou que os homens iam dormir com Gilda e acordavam com Rita. Hoje é o caso de dizer que nem mesmo Angelina é uma mulher como Angelina Jolie.

Para dar outro exemplo, Carla Bruni, a charmosíssima cantora e modelo que aos 40 anos se casou com o presidente da França e se tornou um símbolo mundial de elegância e comportamento, diz numa das canções melosas de seu último CD: “Você é meu vício, a teus pés deposito minhas armas.” O mesmo vale para Amy, que diz ser “maternal” com os amigos e escreve excelentes versos como “Você volta para ela/ Eu volto para nós”. Quer saber? Acho isso muito bonito. Desde os trovadores do século 12 os homens cantam seus amores para elas; nada mais justo que elas cantem de volta agora, em vez de cair no ódio feminista aos homens. E pelo menos Bruni não parece o tipo de mulher que, como Amy, fica chorando por seu homem no chão da cozinha. Mas o fato é que, em média, elas ainda querem do marido o fim de todo o tédio.

É a principal e talvez única desvantagem sua em relação aos homens: elas não sabem ser objetivas em tais assuntos. Eles ainda se apaixonam mais rapidamente e elas ainda se desapaixonam mais lentamente. Elas sofrem mais com o desencanto, levando a admirável inquietude feminina a se confundir com a dolorosa insatisfação feminina. E fingem não ter tanto interesse pela beleza masculina na hora de justificar que namorem velhos feios e ricos, mas têm ataque histérico quando encontram um bonitão da TV.

Mesmo com a juventude atual ensaiando relações casuais, em que o sexo não é necessariamente o mesmo que o amor, poucas mulheres cedem aos impulsos como gostariam. Como diz Fabrício Carpinejar nas ótimas crônicas de Canalha (Bertrand Brasil), “a autoridade é secularmente feminina”. Eu acrescento: a liberdade, não. Como sua antiga exigência pelo homem perfeito não é nem pode ser atendida, elas descambam em consumismo e cinismo ou em solidão e caretice, muitas vezes em tudo isso junto. A dificuldade em vencer o tédio sem perder o eixo persiste. Não é homem que está em falta. É leveza.

[Por Daniel Piza]

sábado, 1 de novembro de 2008

Charpters

Não demorou nem um mês!

Quem quiser dar um pulinho lá esse final de ano terei boas dicas de presentes!

Chapters-Indigo

Hambúrguer com galette de batatas

Está receita está no blog One is Fun do Panelinha. Fiz hoje para o almoço, é realmente tão bom como a descrição do blog. Para fazer a galette, cozinhei as batatas em meio litro de creme de leite e meio litro de leite, temperei com noz-moscada, pimenta-do-reino e mostarda em pó.

Hambúrguer

200 g de carne moída (patinho)
1 colher (sopa) azeite de oliva
sal e pimenta-do-reino a gosto

- Para o molho
1 colher (sopa) de mostarda dijon
2 colheres (sopa) de creme de leite
1 colher (sopa) de leite
sal e pimenta-do-reino a gosto

Modo de preparo

1. Com as mãos, misture a carne com o azeite, o sal e a pimenta-do-reino e forme uma bolota.
2. Aperte a bolota para formar o hambúrguer.
3. Leve uma frigideira antiaderente ao fogo alto. Regue com óleo e, quando esquentar bem, coloque o hambúrguer para dourar por 6 minutos de cada lado. Se quiser a carne bem passada deixe por mais 2 minutos de cada lado.
4. Retire o hambúrguer da frigideira e coloque no prato sobre as batatas (ver post anterior).
5. Sem lavar a frigideira, adicione todos os ingredientes do molho e leve ao fogo médio. Misture bem para incorporar os sabores da carne (que ficaram na frigideira) e, quando começar a engrossar, regre sobre o hambúrguer.