domingo, 26 de outubro de 2008

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Milly Lacombe

Desde que comecei a ler a Revista TPM a Coluna do Meio escrita pela Milly Lacombe virou uma das minhas partes favoritas da revista. Toda vez que comprava a revista na banca ia seca ler a coluna e sempre me emocionava com seus textos, sempre sinceros e emocionantes. Esse texto ela escreveu sobre o sobrinho, achei lindo lindo e resolvi compartilhar aqui....


Antonio

Ele tem 12 anos, não dá mordidas de seu hambúrguer pra ninguém, detesta que lambam seu sorvete e não foi feito para usar sapatos nem meias. De seu universo particular, meu sobrinho me enche de amor

Enxerguei Antonio pela primeira vez em Los Angeles. Ele tinha 2 anos e chegou com o irmão para passar o verão comigo. Cabelos praticamente brancos e muito lisos, orpinho parrudo, pele dourada, boca carnuda e vermelha, apareceu, entre várias malas, grudado na calça da mãe com a força dos que temem a imensidão do mundo, ele olhou. “Essa é sua tia, Antonio”, anunciou minha irmã. “Dá um beijo nela.”O pequeno Antonio me mediu de cima a baixo e decidiu que eu não mereceria seu beijo. Para deixar a decisão muito clara, apertando a perna de minha irmã com mais intensidade, escondeu o rosto. Antonio nasceu em São Paulo quando eu estava de mudança ara s Estados Unidos, e só fui vê-lo na maternidade. A vida estava corrida, eu estava trocando de casca e de mundos, e não tive tempo para freqüentar meu segundo sobrinho estabelecer com ele a relação de intimidade que construí com o irmão. Por isso, depois de dois anos longe da pátria e vendo Antonio apenas por fotos, notei que simplesmente não o conhecia: naquela manhã ensolarada e quente de Los Angeles éramos perfeitos estranhos. Sobre Antonio, eu sabia apenas o óbvio: que ele tinha 2 anos, mas tamanho de 4. Como continuou crescendo assustadoramente, sempre gerou alguma confusão. “Ele ainda não sabe ler?”, perguntavam. E os pais tinham que responder: “Ele mal fala. Ele tem 3 anos!”. Rapidamente, percebi que Antonio era um universo próprio: comia como se o mundo fosse terminar o dia seguinte, falava uma língua única, interagia com qualquer americano que cruzasse seu caminho sem se preocupar se estava se fazendo entender e, quando havia festivais étnicos no parque em frente a minha casa, passava as tardes dançando no meio de adultos, olhinhos fechados, como se estivesse em transe e deixando claro que tinha vindo para este mundo a passeio. Ainda assim, nossa relação afetiva era capenga: eu estava viciada nele, e ele mal me enxergava. Como havia feito com seu irmão, tentei conquistá-lo com uma bola, ensinar dribles, estabelecer um sistema de comunicação só nosso. Não colou. Antonio não se interessava pela bola e estava mais ligado nas árvores e flores do parque, no hambúrguer sem queijo,“só pão e carninha”, como deixava claro para a atendente mexicana do McDonald’s, ou em conversar com adultos que jamais o entenderiam, mas que, ainda assim, ficavam fascinados com aquele ser humano mínusculo, de cabelos brancos e boca vermelha, que parecia sempre muito feliz e faminto.

Espírito livre
Quando voltei definitivamente para o Brasil, Antonio já tinha 8 anos.Aos poucos, foi me deixando entrar em sua galáxia. Quando dormíamos juntos, me abraçava como se eu fosse um travesseiro – uma forma de se entrelaçar que não deixa espaço para que nos mexamos. Ainda assim, nossa relação não era como a que eu tinha com seu irmão mais velho. Salvo pelas noites que passávamos juntos quando os pais viajavam, havia, entre Antonio e eu, uma estranha distância, talvez alimentada pela enorme intimidade que sempre tive com o irmão. Por mais que tentasse, não conseguia todos os números da senha de Antonio. Ele era, para mim, um enigma. E, de uma forma engraçada, ainda é.
Antonio não divide comida, não dá gole nem mordida. Se alguém enfiar um garfo em seu prato, pára de comer imediatamente. Nunca gostou de meias ou sapatos e, mais de uma vez, esqueceu seus calçados por aí: a primeira coisa que faz ao chegar em qualquer lugar é tirá-los. Cueca ele passou a usar recentemente, depois de um pequeno acidente escolar que jamais será esquecido. O fato é que Antonio não gosta de nada que o prenda. É um espírito livre. Ama teatro, sorvete de creme, macarrão e Malhação. Detesta brigas, brócolis e discussões. Mas, acima de tudo, adora comida japonesa.Aos 12 anos, calça 42 e freqüenta semanalmente um restaurante japonês. Armado de sua inigualável lábia, sempre convence alguém a levá-lo: o pai, a avó, eu ou até mesmo minha namorada. A verdade inconveniente é que a companhia é o de menos: Antonio senta no balcão e passa horas conversando com os sushimen, que começam a servi-lo sem perguntar o que ele quer, porque Antonio come sempre a mesma coisa. Antonio é um boa-vida e deixa a sensação de que está sempre muito ocupado para se interessar por aquilo que não o interessa. Até hoje, todas as tentativas de dar uma sonora bronca nele – seja porque largou o par de tênis no meio da garagem, porque esqueceu a porta da geladeira aberta, porque comeu cinco pedaços do bolo de chocolate – foram frustradas: Antonio debocha, não se leva a sério e acaba colocando a situação em perspectiva: “Isso importa mesmo? Não podemos ir comer um sushi ou tomar um sorvete?”. Outro dia, no balcão do restaurante japonês, enquanto estava muito ocupado entretendo os
sushimen com caretas e cânticos perguntei se ele já havia ficado chateado alguma vez na vida. “Claro que já”, respondeu. “Agora, por exemplo, porque estou com fome e meu sushi não chega.” Falou isso e continuou a cantar. Mas, quando eu já havia me esquecido da pergunta, me puxou para perto e disse baixinho:“Quando a Nononna morreu”.

Com você meu mundo é mais completo

Ontem, jantei na casa de Antonio. Quando ia embora, ele me pediu para ver o jogo do São Paulo com ele na TV. Como Antonio não liga muito para futebol, entendi aquilo como uma declaração de amor e fiquei. Na hora de sair, dei vários beijos nele e fui indo para a porta.Mas ele me chamou de volta. “Fala, Antonio”, disse,
esperando uma de suas piadas ou um pedido para levá-lo ao restaurante japonês – ele pode perfeitamente comer sushis depois do jantar. Mas não era nada disso. “Eu te amo”, foi o que disse Antonio. Ele tem essa desconcertante capacidade para emocionar. Eu te amo mais, Antonio”, respondi. Mas, como é sempre dele a última palavra, já na porta tive tempo de ouvir: “Impossível”. Às vezes me pego pensando em como seria meu mundo sem Antonio. Eu, naturalmente, teria um pouco mais de dinheiro porque não gastaria tanto em comida japonesa.Mas,sem Antonio, eu, sem a menor sombra de dúvida, não daria tantas risadas, não me sentiria tão amada e não seria tão feliz.

Coluna do Meio por Milly Lacombe [Revista TPM - Agosto 2008]

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Gâteau au Chocolat

Juro que é o melhor Bolo de Chocolate que já comi. Estreia da minha batedeira nova.

Do site da revista Elle à la table


Gâteau au Chocolat

125g de chocolat noir (70% cacao)
4 oeufs
50g de beurre
90g de sucre
1 pincée de sel

Préparez une sorte de mousse au chocolat. Faites fondre le chocolat cassé en morceaux avec le beurre dans une casserole au bain-marie, jusqu’à l’obtention d’une consistance de pommade sirupeuse. Cassez les oeufs en séparant les blancs des jaunes. Battez les blancs en neige ferme, avec une pincée de sel. Fouettez les jaunes avec le sucre jusqu’à ce que la préparation blanchisse. Mêlez cette dernière préparation aux blancs en neige. Incorporez ensuite le mélange chocolat/beurre encore tiède. Préchauffez votre four à th. 6/180°. Beurrez largement le moule à manqué. Versez-y la préparation. Faites cuire 25 mn en vérifiant la cuisson avec la lame d’un couteau. Démoulez à chaud sur une assiette. Poudrez de sucre glace.

domingo, 19 de outubro de 2008

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Muffin

Ontem, com muito orgulho e satisfação assei a minha primeira fornada de Muffins! Aproveitei a receita que saiu no jornal Métro de ontem e estrei a minha assadeira de Muffins. Você pode escolher o sabor dos muffins, eu fiz os meus com framboesa e chocolate branco. Ficaram ótimos!

Muffins multi-saveurs

2 1/2 tasses de farine
3/4 tasse de sucre blanc
2 c. thè de poudre à pâte
1c. thè de bicarbonate de soude
1 pincée de sel
1/2 tasse de beurre mou
1 tasse de yogourt nature ou de vanille
2 oeufs
1 c. thè d'essence de vanille
Au choix: 1 1/2 tasse de petit fruit, de chocolat en morceaux ou en pépites, de noix ou de fruits secs

1. Préchauffer le four a 400ºF
2. Mélanger ensemble la farine, le sucre, la poudre à pâte, le bicarbonate de soude et le sel
3. Ajouter le beurre et brasser jusqu'à obtenir une consistance granuleuse
4. Dans un autre bol, mélanger le yogourt, les oeufs, la vanille
5. Ajouter les liquides aux solides. Bien mélanger. Ajouter la garniture
6. Mettre dans des moules à muffins
7. Cuire 20 minutes ou jusqu'a ce qu'un cure-dent piqué dans un muffin en ressorte prope

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Espelho

Esse roteiro, também escrito para a aula do Flavinho, é baseado no conto O Espelho que está nesse livro da Virginia Woolf

O Espelho

CENA 1

Interior da Inglaterra, final do século XIX, exterior dia, em uma ensolarada tarde de verão take de uma grande e luxuosa propriedade, com uma mansão, jardins floridos e fontes. Corta.

CENA 2

Sala de estar, ampla e confortável , decorada com extremo bom gosto e requinte, com tapetes rústicos, lareira de pedra, estantes e armários de laca. A sala parece leve e arejada, a porta que leva para o jardim está aberta, porém há algo de misterioso e obscuro, muito sutil, algo que não é possível perceber a primeira vista. Acompanhamos a cena através de um grande espelho que mostra uma porta que dá para um grande terraço que vai para o jardim e as estufas.

NARRADOR(ESPELHO-OFF): Ninguém deveria deixar espelhos pendurados em casa, assim como não se devem deixar abertos talões de cheque ou cartas que confessam algum crime horroroso.....

(TOCA CAMPAINHA)

CENA 3

Take da porta que leva aos jardins, uma mulher se aproxima, é Isabella Thyson, dona da casa, trajando um vestido leve de verão e um chapéu, não podemos ver direito seu rosto, ela carrega uma cesta com flores que acabou de colher, entra na sala, coloca a cesta em cima da mesa e tira as luvas de jardinagem

ISABELLA(PARA SI): Deve ser o carteiro.....(ATRAVESSA A SALA)
ESPELHO: Ela Isabella Thyson, era rica, era distinta,(ISABELA VOLTA E PARA NA PORTA, OLHANDO PARA O JARDIM), tinha muitos amigos, viajava...assim pois, ali em pé, ela ficou pensando...

CENA 4

Câmera se aproxima da mesa de jantar, Isabela vira-se, mas a câmera não mostra seu rosto, ela olha as cartas e começa a organizá-las sobre a mesa distribui todas ordenadamente depois as observa rondando a mesa, em seguida uma a uma, ela abre, lê e rasga o envelope

ESPELHO: Sem formular nenhuma idéia precisa – porque era uma dessas pessoas cujas mentes tem pensamentos enredados em nuvens de silêncio, todo o seu ser era banhado pela nuvem de algum conhecimento profundo, algum lamento não expresso seu modo mais profundo de ser é que se queria captar e converter em palavras, o que se chama de felicidade ou infelicidade era preciso imaginar...ela se via cheia de gavetas trancadas, recheadas de cartas como seus armários.....

CENA 5

Parede com os armários. Isabella abre todas as portas, em seu interior os armários são organizados, tudo ocupa o seu devido lugar, há muitas gavetas e nas prateleiras há livros, Isabella abre algumas das gavetas, tira maços de cartas que estão amarrados em barbante junto a um ramo de lavanda, ela coloca sobre a mesa papel de carta, tinteiro e pena, depois coloca dentro de uma das gavetas o maço de cartas que acabou de fazer.

ESPELHO: ...alguém que tivesse a audácia de abrir uma gaveta para ler suas cartas encontraria vestígios de agitação sem conta, de compromissos a manter, de exprobrações por o não ter feito, longas cartas de intimidade e afeição, cartas violentas de ciúme e censura, terríveis palavras finais de despedida – pois nenhum daqueles encontros e combinações de encontros levara a nada.

CENA 6

Isabela senta e prepara-se para responder as correspondências, tenta algumas vezes e não consegue, levanta subitamente de frente para espelho, causando-lhe um sobressalto, revela-se uma mulher com as marcas do tempo, por volta dos seus 50 anos, solitária, close em seu rosto, close nos olhos que estão com uma expressão duvidosa, mistura de ternura e tédio.

ESPELHO: Que espetáculo fascinante! Isabela era completamente vazia, não tinha idéias, não tinha amigos, não se importava com ninguém. Via-se nisso que ela ali se plantava anguloso e idosa, enrugada e veiada, com seu nariz empinado e estrias pelo pescoço. Ninguém deveria deixar espelhos pendurados dentro de casa.

Alice no país das maravilhas

Eu adaptei essa passagem da Alice para a aula de roteiro do Flavinho quando estava na faculdade. O Marimbondo de Peruca é um trecho que o Lewis Caroll excluiu da versão original da história que eu achei bem interessante, chegamos a gravar esse roteiro mas infelismente não tenho em DVD.

Alice no País das Maravilhas - “O Marimbondo de Peruca”


CENA 1
Exterior dia, Alice estava prestes a saltar pelo riacho quando ouviu um suspiro que parecia vir pelo bosque.

ALICE(OLHANDO AFLITA PARA TRAS) Há alguém muito infeliz ali.

Alice vê algo parecido com um homem muito velho, seu rosto parecia com o de um marimbondo, estava sentado no chão, apoiado contra uma árvore, todo encolhido e tremendo como se sentisse muito frio.

ALICE: Não acho que posso ajuda-lo em coisa alguma...(VIRA-SE PARA SALTAR O RIACHO), mas só vou lhe perguntar qual é o problema...(DETENDO-SE QUASE NA BEIRADA), uma vez que eu tenha saltado, tudo vai mudar, e não vou poder mais ajudá-lo.

CENA 2

Alice se aproxima do Marimbondo

MARIMBONDO(MURMURANDO): Ai, meus velhos ossos, meus velhos ossos!

ALICE(FALA PARA SI): É reumatismo, me parece...(INCLINA-SE SOBRE ELE), não está com muitas dores, espero?

MARIMBONDO(DANDO OS OMBROS E VIRANDO O ROSTO PARA O OUTRO LADO): Ah, pobre de mim!

ALICE: Posso fazer alguma coisa pelo senhor? Não está muito exposto ao frio aqui?
MARIMBONDO(IRRITADO): Quanto embaraço! Com a breca, com a breca! Nunca houve uma criança como esta!

ALICE(BASTANTE OFENDIDA, SE AFASTA E PENSA): Talvez seja apenas a dor que o deixa rabugento...(SE APROXIMA DE NOVO). Não quer deixar que o ajude a passar para o outro lado? Vai estar protegido contra o vento frio ali.

MARIMBONDO(PEGA NO BRAÇO DE ALICE E DEIXA QUE ELA AJUDE A FAZER A VOLTA DA ARVORE, QUANDO SOSSEGOU DE NOVO DISSE COMO ANTES): Com a breca, com a breca! Não pode deixar uma pessoa em paz?

ALICE(PEGANDO UM JORNAL QUE ESTAVA JOGADO NO CHÃO):
Gostaria que eu lesse para o senhor um pedacinho disto?

MARIMBONDO(MAL-HUMORADO): Pode ler se estiver disposta. Ninguém está lhe impedindo, que eu saiba.

ALICE(SENTA AO SEU LADO, ABRE O JORNAL SOBRE OS JOELHOS E COMEÇA A LER): Últimas notícias. O grupo Explorador realizou outra expedição a Despensa e descobriu cinco novos torrões de açúcar branco, grandes e em excelentes condições. Ao retornar...

MARIMBONDO(INTERROMPENDO): Algum açúcar mascavo?

ALICE: Não. Não diz nada sobre mascavo.

MARIMBONDO(RESMUNGANDO): Nenhum açúcar mascavo! Belo grupo explorador!

ALICE(RETOMANDO): Ao retornar, descobriram um lago de melado. As margens do lago eram azuis e brancas, e pareciam louça. Enquanto experimentavam o melado, sofreram um triste acidente: dois membros do grupo foram engolfados....

MARIMBONDO(ZANGADO): Foram o quê?

ALICE: En-gol-fa-dos

MARIMBONDO: Não existe essa palavra na língua!

ALICE(TIMIDAMENTE): Mas está nesse jornal...

MARIMBONDO(IRRITADO, VIRANDO A CABEÇA): Vamos para por aqui!

ALICE(LARGANDO O JORNAL, EM UM TOM APAZIGADOR): receio que não esteja bem, não há alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?

MARIMBONDO(MAIS SUAVE): É tudo por causa da peruca

ALICE(SATISFEITA DE VER QUE ELE ESTAVE SE ACALMANDO): Por causa da peruca?

MARIMBONDO: Você seria rabugenta também, se tivesse uma peruca como a minha. Eles amola a gente. Chateia a gente. E então a gente ficamos tiririca. E com frio. E ficamos debaixo de uma árvore. E pegar um lenço amarelo. E amarrar na cara...como agora.

ALICE(COMOVIDA): Amarrar o rosto é muito bom para dor de dente.

MARIMBONDO: É muito bom para a presunção.

ALICE(SEM ENTENDER): É uma espécie de dor de dente?

MARIMBONDO(APÓS REFLETIR UM POUCO): Bem, não, é quando você fica de cabeça erguida – assim sem curvar o pescoço.

ALICE: O senhor quer dizer torcicolo?

MARIMBONDO: Esse é um nome criado agora. No meu tempo isso era chamado presunção. Presunção não é doença de maneira alguma...É sim, espere até sofrer dela, e vai ver. E quando você a pegar, pelo menos experimente usar um lenço amarelo enrolado na cara. Vai curá-la num instante!

Enquanto o marimbondo fala seu lenço desmorona e Alice olha para sua peruca com grande surpresa. Era um amarelo vivo, como o lenço e estava toda emaranhada e despencando por todos os lados como um monte de algas marinhas.

ALICE: poderia deixar sua peruca muito mais arrumada, se pelo menos tentasse adoçar esse cabelo.

MARIMBONDO(COM INTERESSE): Ora você é uma abelha, não é? E você tem um favo. Muito mel?

ALICE: Não estou falando de mel, mas de pente. É para pentear seu cabelo....sua peruca está tão desgrenhada, sabe.

MARIMBONDO:Vou lhe contar como passei a usá-la. Quando era jovem, sabe, os anéis dos meus cabelos espiralavam

ALICE(COM POLIDEZ): O senhor se importaria de contá-la em versos?

MARIMBONDO: Não é o que eu estou acostumado a fazer, de todo modo vou tentar, espere um pouquinho(SILÊNCIO POR ALGUNS INSTANTES)

CENA 3
O Marimbondo recita o poema e Alice observa

MARIMBONDO:

Quando eu era jovem, meus anéis ondulavam
E se encaracolavam e se encrespavam
Então me diziam: “Raspe esta juba indomável
E use uma peruca amarela apresentável”

Mas quando finalmente segui esse preceito,
E os que me cercavam perceberam o efeito,
Disseram que não, que aquilo não lhes agradava
Nem de longe tanto como antes se esperava.

Afirmaram que por certo não me caía bem,
Que me tornava feio, feio como ninguém:
Mas, diga-me, que podia eu fazer agora?
Meus cachos aviam para sempre ido embora.

E assim, hoje, que estou velho e cansado,
Sem mais cabelo, só tendo passado,
Arrancaram de mim a peruca, zombando:
“Como pode usar este objeto nefando?”

E mais, sempre que mostro um pouco,
Eles me vaiam, apupam e gritam “Porco!”
E assim foi que caí numa enorme esparrela,
Tudo por causa de uma peruca amarela.

ALICE: Sinto muito pelo senhor. E acho que se sua peruca se ajustasse um pouco melhor não iriam caçoar tanto.

MARIMBONDO(MURMURANDO): A sua peruca se ajusta muito bem(COM ADMIRAÇÃO), é por causa do formato da sua cabeça. Mas seus maxilares não são bem conformados...eu diria que você não consegue morder bem, não é?

ALICE(RINDO): consigo morder qualquer coisa que queira.

MARIMBONDO: Não com uma boca assim tão pequena. Se estivesse lutando, ora...seria capaz de agarrar o outro pela nuca?

ALICE: Acho que não

MARIMBONDO: Bem, é porque seus maxilares são curtos demais. (TIRANDO A PERUCA E ESTICANDO COM UMA DAS PATAS A ALICE QUE RECUA)Mas o cocuruto da sua cabeça é bem feito e redondo. Depois, seus olhos...estão na frente demais, sem duvida. Dá no mesmo ter um ou dois, se é para se tê-los tão perto um do outro...

ALICE(INCOMODADA COM TANTOS COMENTÁRIOS PESSOAIS): Penso que devo ir embora agora. Até logo.

MARIMBONDO: Até logo, e obrigado.

Amor Blue

Já postei aqui sobre a Roberta Sá. Essa música entrou na trilha sonora da novela Ciranda de Pedra, gracinha gracinha.

Essa música foi a maior surpresa do disco Noite de gala, Samba na rua da Mônica Salmaso, não conhecia essa música do Chico que é simplesmente linda!


A música Flor da idade não está no CD, mas ela cantou no show , não achei a versão cantada pela Mônica Salmaso , só achei cantada pelo Chico, que não é lá um grande cantor, mas é o Chico.




sábado, 11 de outubro de 2008

Bella Pella

Na minha primeira visita à Montreal em 2005, a Lora me recomendou uma visita à uma loja de cosméticos que ela adorava. Em uma das minhas caminhadas pela cidade, por uma acaso, passei em frente a loja, entrei e adorei! Eles tem produtos ótimos, gosto em especial da linha com óleo de oliva e dos produtos de lavanda. Para minha surpresa, esse final de semana passeando pelo Plateau, vi que a loja continua lá, toda gracinha com os seus produtos para lá de cheirosos.

Bella Pella
3933 Saint-Denis

Crêpe Nutella


Sou totalmente viciada em Crêpe Nutella e para a minha felicidade andando esse final de semana pela Mont-Royal encontrei uma creperia gracinha e deliciosa.

Meu crêpe nutella com morangos fez sujeira mas estava absolutamente maravilhoso.

Para quem quer se viciar em crêpes:

Une crêpe?

425, rue Mont-Royal Est
514.849.0836


Métro: Mont-Royal

Outono em Montreal





Cookies

Acho que nada me dá mais a sensação de estar em casa do que colocar alguma coisa no forno para assar. Quando estava morando em Paris uma das coisa que mais me fez falta foi um forno, muitas vezes eu me pegava com vontade de assar um bolo ou colocar alguma coisa para gratinar, as vezes pensava em pratos que gostaria de fazer, bolava o menu e só quando já estava com tudo na cabeça lembrava que não poderia fazer porque não tinha forno. Nunca pensei que esse eletrodoméstico tão trivial fizesse tanta falta. Aqui em Montreal ainda não tenho a minha casa, mas hoje assei o minha primeira receita de cookies e só depois pensei que essa é a minha forma de reconhecer que Montreal é a minha nova casa.

Cookies de Chocolate

110g de manteiga em temperatura ambiente
1 colher de chá de essência de baunilha
1 ovo
1 xíc. de açúcar mascavo
1 1/2 de farinha de trigo
1 colher de chá de fermento em pó
300g de chocolate meio amargo picado

Preaqueça o forno a 180ºC (temperatura média). Unte uma assadeira grande com manteiga e polvilhe com farinha de trigo.

Numa tigela, peneire a farinha de trigo. Junte a manteiga amolecida. Misture com as pontas dos dedos até obter uma farofa úmida. Acrescente o ovo, o açúcar, o fermento e a essência de baunilha. Com as mãos, misture bem até a mistura ficar homogênea. Adicione o chocolate picado e misture novamente. Faça bolinhas do tamanho de uma noz.
Na assadeira untada, disponha as bolinhas, deixando 2 cm de espaço entre elas.

Com um garfo, pressione levemente cada bolinha para ficarem com um formato achatado.
Leve a assadeira ao forno preaquecido para assar por 25 minutos. Os cookies devem crescer e dourar ligeiramente. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade. Sirva a seguir.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Première Démarches - Correndo na primeira semana

Como balanço da primeira semana por aqui posso dizer que imigrante corre muito, mas corre muito, são muitas coisas para resolver e cada uma em um canto da cidade, então a gente vai pipocando de lugar em lugar. Já estou ficando íntima do metro...

Quero deixar aqui o obrigada pela recepção tão carinhosa que tive aqui, ao Juba e Andrea, por terem me salvado quando eu não tinha onde ficar, a Jocelin por ter me recebido tão calorosamente na sua casa, a Família Lapin e suas dicas preciosas, Aninha e Lior pelas muitas risadas, Patrícia e seus sábios conselhos na hora que batia o medo e ao Samuca que logo logo estará por aqui pra gente cair na balada.

Posso falar que aqui tenho a impressão de fazer muito mais coisas e ficar muito menos cansada no final do dia, lembro que em São Paulo nos últimos meses tive muitas burocracias para resolver e lembro de chegar no final do dia muito mas muito mais cansada. Aqui as distâncias são menores então mesmo que você cruze a cidade para resolver alguma coisa, não perde metade do seu dia no trânsito ou fica estressado tentando entrar no vagão lotado do metro.

Outra coisa que me impressionou foi a calma, sinto que as pessoas aqui andam numa tranquilidade não sinto aquele estress ou afobação, tudo muito calmo(por enquanto).


Como eu fiquei um pouco perdida na chegada, sobre os lugares que deveria ir, que documentos deveria tirar primeiro, resolvi escrever aqui o que(e onde) providenciei os primeiros documentos.

1. Assurance Maladie - primeiro documentos que devemos dar entrada quando chegamos por causa da carência de 3 meses. É bom chegar cedo porque é bastante cheio, eu cheguei as 9h30 estava relativamente vazio ainda e saí as 11h30 e estava lotadasso, não tinha lugar para sentar mais. Para tirar a Assurance Maladie você tem que ter um comprovante de endereço, mas se você não tem você tem que levar alguém que seja ou locatário ou proprietário para preencher e assinar um formulário atestando que você está morando com ele. Eles também pedem uma foto, se você não tem pode tirar lá mas custa 8 dólares, achei um pouco caro mas não tinha nenhuma foto 3x4, mas você pode ir em uma loja e pedir uma foto tamanho Assurance Maladie. Leve um livro ou seu iPod e um pouco de paciência para esperar.

425, Boulevard de Maisonneuve Ouest, Bureau 303
Métro: Place-des-arts - sortie Rue Bleury Nord
514.864.3411

2. Assurance Sociale(NAS) - É o equivalente ao nosso CPF. A espera é grande para tirar o NAS, não tem tanta gente quanto na Assurance Maladie mas tem menos atendentes, então demora mais. Eu tirei a Assurance Maladie e fui direto tirar a Assurance Sociale, no final do dia já estava com os dois documentos.

1001 Boulevard de Maisonneuve Est - 2e étage
Métro: Berri-UQAM

3. Escritório de Imigração - Fui marcar o primeiro Rendez-vous para poder assistir as palestras e passar com um agente de imigração.

800, Boulevard de Maisonneuve Est, Rez-de-Chaussé
Métro: Berri-UQAM - Sortie Place Dupuis

4. Preciso começar a equivalência do meu diplôma mais rápido possível, então ontem fui levar os documentos para o tradutor juramentado, eu fiz com o Senhor Antonio Artruso ele me cobrou 155 dólares pela tradução do diplôma e do histórico escolar da faculdade e do ensino médio.

3115, av. Appleton, app.1
514 737-7817
pueblo@sympatico.ca

Mas quem quiser procurar outro tradutor, é só pesquisar no site da Ordre des traducteurs, terminologues et interprètes agréés du Québec (OTTIAQ)

Quando as traduções estiverem prontas, é só levá-las junto com os originais no escritório de Service d'Évaluation Comparative des Études Effectuées Hors du Québec e pagar uma taxa de 105 dólares.

255, Boulevard Crémazie Est, 8e étage, Bureau 801
514.864.9191

4. Celular - Optei por comprar um celular da Koodo, a bem da verdade é que eu fiquei com o maior cagaço de assinar um contrato de 3 anos com uma operadora de celular, eu não pretendo voltar para o Brasil, mas a gente nunca sabe as surpresas que vai encontrar pelo caminho e 3 anos é muito tempo.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mônica Salmaso

Acabei de voltar do show da Mônica Salmaso no Teatro Fecap...simplesmente maravilhoso.


Come on!!! Leave the ice-cream alone.....

PETA have asked Ben & Jerry to use breast milk for their ice cream. Would you eat it?

Breast is best. It's a phrase few nutritionists would disagree with, government agencies endorse it and natural child-rearing types say it all the time. They just don't usually say it about ice cream.

But if PETA get their way in what we'll charitably assume for a moment isn't just an imaginative publicity stunt, one of the leading high-end manufacturers would be serving up tubs of iced-mummy-juice. But would you eat it?

It is, of course, an argument that is being held in lots of different ways at the moment: why should it be considered normal to feed babies with cows milk rather than donated human milk (as talked about in Weekend magazine's interview with Kate Garraway last month)? And isn't it a bit weird drinking something filled with the kind of hormones that make baby cows grow up into big strong cows anyway? And that's before you get into the humane treatment bit that PETA are most worried about.

But that all aside - perhaps spurred on by the Kate Garraway interview (well, probably not, but, you know, maybe?) there seem to have been a lot more breastmilk articles in the last few days.

Sadly, the one that got everyone excited last week - the news that a restauranteur in Switzerland was planning on adding some breast-milk recipes to his menu that he'd developed when his own children were born - has ended sourly. After a few days trying to work out whether it was legal or not, as weirdly no one had thought to mention whether it was a banned foodstuff or not before, some crazy officials have decided that it's not alright after all and nipped it in the bud. Ahem. Apparently they have no way of proving how fresh it is and perhaps something about pasteurisation, and all of that - it's health and safety culture gorn maaaad, I tell you.

But would people have liked it? The chef in question was deeply convinced by his recipes - he said that all you had to do was add a bit of whipping cream to correct the consistency, but otherwise they were completely kosher. Sorry, kosher as in the cockney sense of 'valid' rather than the correct technical sense. (In fact, if someone could clear up whether cooking with breastmilk would be kosher or not, I'd be very interested to hear it. Is it?)

Still, they're sounding doubtful at the moment - a spokesperson for Ben & Jerry's said that although human milk was a marvellous thing for babies they thought they would probably be sticking with moo-cows.

But it's the concept that interests me. There are some incredible possibilities: I haven't been blessed enough to expel small people from my undercarriage as yet, but people of my acquaintance who have assure me that you have to be careful what you eat and drink because the flavour of it carries through into the milk you feed your baby. Or something. Surely this could be utilised in ice cream production? Surely we could just get the ice-cream mothers to eat nothing but strawberries and then be able to call it 'all natural flavour!' (though obviously Rum & Raisin would be a bit of an ethical dilemma if she was also still feeding a little baby as well as going into industrial production).

But also - would people feel comfortable eating it at all? While in many ways it's surely as natural - if not more natural - than drinking any other animal's milk (trying to imagine suckling directly from a cow at this point helps when thinking about it, I find) reactions to the idea of it being used in restaurant food or ice cream were generally not good. Is it because it's a bodily fluid and it belongs to some one else? Because it's not like cooking with snot, is it? It's quite different. Isn't it? Does it feel like cannibalism? Is that why people feel funny about it?

I'm at a disadvantage here, because not only have I never been milked, no one's ever offered me a drink of theirs, either (you know, you pop round for a dinner party, they ask if they can get you anything - wine? Beer? Nipple-runoff?) so not only do I not know how it tastes, I don't know how I would react to the reality of being presented with the choice. Though I have to admit that my gut instinct is 'churny' - meaning possibly I wouldn't be that keen. But I have no idea. Do you?

Have you tried it? Your own, or someone else's? What does it taste like, please? And if this was a perfectly pleasant and not weird experience at all, then if you came across it on a restaurant menu or the ingredients list of your ice cream, would you be fine with that?


By Anna Pickard - Word of Mouth blog